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Técnicos Tributários participam de assembleia conjunta dos servidores públicos
Em coletiva de imprensa, Afocefe apresenta proposta para Estado superar acrise
Afocefe apresenta ao presidente da Assembleia Legislativa estudo que aponta saída para crise
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Técnicos da Fazenda apresentam propostas para crise e se posicionam contra aumento de ICMS - Sul 21

20/08/2015

Com a presença de representantes de outros sindicatos, presidente da Afocefe, Carlos De Martini apresentou propostas e se manifestou contra aumento de impsotos|Foto: Assessoria Afocefe

Com a presença de representantes de outros sindicatos, o presidente da Afocefe, Carlos De Martini Duarte apresentou propostas em coletiva nesta quarta-feira|Foto: Assessoria Afocefe

Jaqueline Silveira*

O Sindicato dos Técnicos Tributários do Rio Grande do Sul (Afocefe) apresentou nesta quarta-feira (19) propostas para amenizar a crise financeira do Estado, sem aumento de impostos, medida que o governo do Estado aponta como alternativa. A entidade defendeu uma atuação mais efetiva em relação aos devedores do Imposto de Circulação de Mercadorias e de Serviços (ICMS) e, ao mesmo tempo, o combate à sonegação com a instalação de agências móveis de fiscalização. As propostas divulgadas em entrevista coletiva pela manhã foram entregues à tarde ao líder do PT na Assembleia Legislativa, Luiz Fernando Mainardi. Antes, os técnicos repassaram ao secretário da Fazenda, Giovani Feltes.

Um estudo sobre a situação das finanças gaúchas foi apresentado junto com as propostas. Presidente da Afocefe, Carlos De Martini Duarte afirmou que os demais Estados da Região Sul – Santa Catarina e Paraná – conseguiram aumentar a arrecadação de ICMS em relação ao setor terciário e aos combustíveis, por exemplo, enquanto o Rio Grande do Sul reduziu seu percentual. Hoje, segundo ele, o RS ocupa a 20ª posição entre os 27 Estados quanto à receita de ICMS. Em 2014, o valor arrecadado foi de R$ 25.843.713.  Se o Estado gaúcho tivesse acompanhado o crescimento médio de Paraná e Santa Catarina, conforme os números do sindicato, teria atingido uma receita de R$ 29 milhões, cerca de R$ 3 milhões a mais comparado ao montante contabilizado no ano passado. Na coletiva, técnicos tributários citaram dados do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, que apontam que a sonegação no RS corresponde a 27,6% do ICMS, o equivalente a R$ 7,33 bilhões ao ano.

Entre 2008 e 2014, segundo o estudo (confira abaixo), a receita de ICMS de Santa Catarina e do Paraná cresceu consideravelmente em seis anos comparada à do Rio Grande do Sul. O presidente da Afocefe criticou o fato de só agora, depois de oito meses de governo e de os servidores terem seus salários parcelados, a Secretaria da Fazenda deflagrar uma operação em 21 municípios, incluindo Porto Alegre, para a cobrança de ICMS de 44 empresas. O valor referente à inadimplência soma R$ 163,7 milhões. A operação também ocorreu na manhã desta quarta. Esses estabelecimentos comerciais chegaram a declarar o imposto, porém não pagaram. “Se não fosse trágico, seria cômico. Eu creio que foi uma feliz coincidência”, ironizou Duarte, sobre o fato de operação ser feita, justamente, no dia em que os técnicos da Fazenda apresentaram propostas para aumentar a fiscalização dos devedores.

Comparativo da arrecadação do ICMS nos três Estados da Região Sul

 Receita 2008             Receita 2014       Evolução

Santa Catarina         R$ 7.943.664          R$ 15.769.834     98,52%

Paraná                       R$ 11.766.971          R$ 22.815.805     93,90%

Rio Grande do Sul  R$ 14.825.154         R$ 25.843.713      74,33%

De Martini ressaltou que há 946 mil empresas nessa situação e que o Estado está deixando de arrecadar R$ 3,1 bilhões. “O déficit é do trabalho da Receita”, afirmou Duarte, discordando do rombo de R$ 5,4 bilhões que o Estado aponta ao final de 2015. O presidente da Afocefe observou, ainda, que essas empresas são inadimplentes e não sonegadoras, exemplificando que as fontes para aumentar a receita não se esgotaram. Ao contrário. “As fontes tradicionais de receita não estão esgotadas, o que não justifica esse aumento de impostos,” argumentou ele.

Estado deixa de arrecadar R$ 500 milhões com contrabando

De Martini exemplificou, ainda, que devido ao contrabando, o Estado deixa de arrecadar R$ 500 milhões todos os anos. Somente no setor de tabaco, de acordo com De Martini, o contrabando é responsável por quase 50% dos cigarros vendidos no Estado. Em 2014, R$ 115 milhões deixaram de entrar nos cofres públicos. O sindicalista também citou um exemplo em relação à cobrança do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Foi realizada no atual governo uma operação em oito municípios com a fiscalização de pouco mais de 5 mil veículos. A partir da fiscalização, 65 mil veículos regularizaram sua situação na Secretaria da Fazenda gerando uma receita de R$ 30 milhões. “Não têm recurso porque não querem e estão usando os servidores de massa de manobra”, criticou De Martini, sobre a postura adotada pelo governo. Hoje, há 746 mil veículos no Rio Grande do Sul e o IPVA responde por 6% da arrecadação dos cofres gaúchos. A maior receita é do ICMS: 92%.

Na opinião do presidente da Afocefe, o aumento das alíquotas do ICMS irá fragilizar a economia e, como consequência sociedade. O projeto deverá ser enviado pelo Piratini ainda nesta semana. “Isso é lesivo à economia, é lesivo à população. Só não é lesivo aos sonegadores e aos contrabandistas”, avaliou o sindicalista.

Propostas apresentadas pela Afocefe para amenizar a crise:

– Mudança de comportamento na gestão da Receita Estadual para permitir que os técnicos tributários possam atuar com maior efetividade e resultados

- Instituição de equipes de fiscalização em que auditores fiscais e técnicos tributários desenvolvam ações de campo ou missões especiais regulares

– Criação de agências móveis de fiscalização com o fim de enfrentar a sonegação, o contrabando e a evasão fiscal com mais agilidade e mobilidade

– Reforço logístico para as estruturas de fiscalização ostensiva, investindo na compra de equipamentos como scanners de Raios-X, cabeamento ótico, leitoras móveis, entre outros

– Atendimento às orientações do Tribunal de Contas do Estado com o fim de dar maior transparência às ações da Receita Estadual

*Com informações da assessoria da Afocefe


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