Contrabando gera perda de R$ 100 bilhões ao país - Economia SC
21/07/2015
A Frente Parlamentar
Mista de Combate ao Contrabando e à Falsificação reuniu representantes de
diversos setores nesta sexta-feira, dia 17, em Porto Alegre, na sede do
Afocefe (Sindicato dos Técnicos Tributários do Rio Grande do Sul) para
discutir propostas e ações concretas para coibir a entrada em território
nacional de mercadorias lesivas à sociedade ou que causem dano à indústria
nacional.
O presidente da
Afocefe, Carlos de Martini, criticou a falta de diálogo entre os órgãos de
fiscalização. “Temos que ter ações articuladas permanentes, não apenas a
força-tarefa”, propôs, indicando que um dos fatores a ser melhorado é a
contratação de mais técnicos responsáveis pelo controle. Segundo ele, há 13
anos não são contratados novos técnicos tributários no Rio Grande do Sul.
“Estamos trabalhando no limite”, disse.
Evandro Guimarães, do
Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), concorda que é preciso
oferecer melhor apoio técnico, operacional e de pessoal para as instituições
que combatem o contrabando. Ele defendeu também uma conscientização da
sociedade. “É preciso que façamos uma discussão madura. O produto pirata que
você adquire hoje é a perda do seu emprego, da saúde e da educação da sua
família no futuro”, alertou.
O presidente da
Assembleia Legislativa do RS, Edson Brum, concorda que o tema deva ser trabalhado
de forma conjunta. “Quando permitimos que o cigarro produzido no Paraguai entre
no Estado, permitimos que o emprego na indústria diminua. No caso do tabaco, o
maior complexo fabril do mundo está instalado no Vale do Rio Pardo”.
Ernani Polo, secretário
estadual da Agricultura, disse que a discussão vai ao encontro daquilo que o
Estado mais precisa nesse momento. “O combate à sonegação é um dos fatores que
pode auxiliar na retomada econômica do Estado. Temos uma gama de produtos e
setores que acabam sendo prejudicados pela situação. O ajuste da legislação se
faz necessário, mas a articulação de esforços é essencial.
O Estado é parceiro nesse sentido”, disse.
O presidente da
Frente Parlamentar, Efraim Filho, defendeu a integração de esforços. “Não vemos
diálogo entre os governos municipal, estadual e federal, bem como entre
instituições ligadas à repressão do contrabando. Além disso, percebemos que há
uma tolerância ao contrabando, que é cultural. O brasileiro só conhece a
superfície do problema e o tolera por não ter a real dimensão do mesmo. Em
tempos bons, o percebemos como uma questão residual; mas em tempos de crise,
quando precisamos lutar por cada emprego e por cada investimento, ficam mais
claros os prejuízos causados”, ponderou.
Efraim ainda falou
das propostas que estão sendo defendidas no Congresso. “Estamos trabalhando com
três pilares: a apreensão imediata da carteira de habilitação de motoristas que
sejam flagrados transportando mercadorias contrabandeadas; a suspensão do CNPJ
e da licença do estabelecimento que esteja revendendo produtos contrabandeados;
uma campanha de fiscalização e advertência para conscientização da população”,
listou.
Iro Schünke,
presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), e
Carlos Galant, diretor executivo da Abifumo, representaram o setor do tabaco, o
mais prejudicado com o problema no Brasil. De acordo com estudo do Instituto de
Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), o cigarro representa
67% dos produtos contrabandeados no País.
Prejuízos econômicos
• Perda de R$ 100
bilhões no País, incluindo perdas setoriais + sonegação (FNCP);
• 31% do mercado de
cigarros provem do contrabando (IBOPE Inteligência);
• Um a cada três
cigarros consumidos no País é ilegal;
• Mercado ilegal de
cigarros movimenta cerca de R$ 6 bilhões por ano;
• Brasil deixa de
arrecadar R$ 4,5 bilhões em impostos (setor de cigarros);
• 182 milhões de
maços de cigarros apreendidos em 2014 = R$ 514 milhões (FNCP);
• Na Região Sul, R$
300 milhões perdidos em arrecadação de ICMS (setor de cigarros);
• No RS a evasão
fiscal tem crescido, evolução de 22% entre 2012 e 2014;
• Em 2014, somente o
Rio Grande do Sul perdeu R$ 115 milhões. Estima-se que em 2015 esse número
ultrapasse os R$ 200 milhões.
Prejuízos sociais
• Perda de 35 mil
postos formais de trabalho no setor de tabaco (IDESF);
• Com o que se deixa
de arrecadar no Brasil (setor de cigarros) seria possível: construir 346
hospitais ou 2,5 mil creches ou 47 mil casas populares; adquirir 50 mil viaturas;
• Com o que se deixa
de arrecadar no Rio Grande do Sul (cigarros) seria possível: restaurar 380 km
de rodovias; pavimentar 140 km de rodovias; manter por um ano 55,5 mil crianças
na creche; educar 70 mil alunos na pré-escola por um ano; edificar 3,4 mil
casas populares.
Questão
fitossanitária
• Cigarros
contrabandeados ingressam no Brasil sem o controle sanitário da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outros órgãos reguladores;
• Análise de 18
marcas contrabandeadas do Paraguai demonstrou concentração de agentes de
contaminação como colônias de ácaros e fungos, partes de insetos e até metais
pesados (Universidade Estadual de Ponta Grossa).
Criminalidade
• 71% dos veículos
apreendidos com cigarros contrabandeados são roubados (IDESF);
• Os crimes estão
ligados às fronteiras por meio de quadrilhas organizadas que dispões de
embarcações, carretas, carros, e que contribuem para o aumento de portos
clandestinos;
• As quadrilhas se
aproveitam do baixo índice de empregos formais, tendo como principal alvo
jovens com baixa renda e escolaridade.
Linhas de Ação
• Fortalecimento dos
órgãos de combate e repressão do contrabando, visando um maior controle das
fronteiras;
• Penas mais severas
aos infratores;
• Aproximação entre
Brasil e Paraguai para reduzir o problema.
- Enquanto no Brasil,
a carga tributária é de 65%, no Paraguai, a mesma não chega a 13%, o que torna
o produto paraguaio mais competitivo;
- A produção de
cigarros no Paraguai supera as 60 bilhões de unidades ao ano. O número é muito
superior ao consumo local, que é de 2,7 bilhões de unidades. A exportação legal
também é pequena, cerca de 3,5 bilhões. O restante entra no Brasil e outros
países de forma ilegal.
http://economiasc.com.br/contrabando-gera-perda-de-r-100-bilhoes-ao-pais/
(Fonte: Economia SC)
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