Audiência pública discute medidas de combate ao contrabando: RS perderá R$ 500 milhões em impostos neste ano
17/07/2015
O Afocefe Sindicato sediou a primeira audiência pública externa da
Frente Parlamentar Mista de Combate ao Contrabando e à Falsificação do
Congresso Nacional, nesta sexta-feira,
17, reunindo autoridades nacionais da área tributária, política e empresarial e
dirigentes de Sindicatos de diversos setores.
O presidente da Frente Parlamentar, deputado Efraim Filho (DEM/PB),
abriu as discussões,destacando a importância de ações concretas para coibir a
entrada em território nacional de produtos lesivos à sociedade e que prejudiquem
a indústria nacional. Para isso, defendeu a integração de esforços. ''Produtos
de diversos setores entram ilegalmente no país, sem certificação técnica ou
sanitária e sem recolher impostos, o que acaba gerando uma enorme sonegação ao
cofres públicos, além de prejudicar a saúde da população, a perda do emprego e
aumentar a criminalidade'', apontou. O deputado disse que falta pulso ao
governo no combate ao contrabando e que este tema deve fazer parte da agenda do
poder público. ''Não é só mudança de lei, mas de procedimento que combata a
impunidade'', apontou, destacando a adesão parlamentar à Frente, que conta com 230
deputados e 21 senadores.
O deputado relatou as propostas defendidas no Congresso, como a
apreensão imediata da carteira de habilitação de motoristas que sejam flagrados
transportando mercadorias contrabandeadas, a suspensão do CNPJ e a licença do
estabelecimento que esteja vendendo produtos contrabandeados e uma campanha d e
fiscalização e advertência para conscientização da população.
O presidente do Afocefe Sindicato, Carlos De Martini Duarte, disse que o
contrabando é uma preocupação antiga da entidade, que já promoveu eventos em
conjunto com a Assembleia Legislativa sobre esta questão. De Martini abordou os
prejuízos econômicos, a exemplo do setor
tabagista, já que de 2013 para 2014, o contrabando de cigarros aumentou em
50,12%, com perda de R$ 115 milhões somente no ano passado. A estimativa é que
este ano supere os R$ 200 milhões. ''Temos que ter ações articuladas
permanentes, não apenas força-tarefa. Acredito
que esta audiência irá fortalecer ações conjuntas do fisco nacional e estadual
para que medidas efetivas de combate ao contrabando e a falsificação sejam implementadas. Se a crise for superada,
será por meio da fiscalização'', apontou.
O vice-presidente da Frente, deputado Jerônimo Goergen (PP) disse que é
preciso reforçar as ações do governo nas fronteiras. ''Os produtos
contrabandeados são um perigo para a saúde dos brasileiros''.
O presidente da Assembleia Legislativa, Edson Brum (PMDB), destacou a
importância da fiscalização no combate ao contrabando. ''Precisamos de um
combate ofensivo e eficiente''. O presidente do Parlamento reforçou o papel fundamental
dos Técnicos Tributários para coibir a sonegação, o contrabando e a falsificação.
Falou ainda dos prejuízos à indústria com a entrada do cigarro do Paraguai no
Estado.
O secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo, disse que o combate á
sonegação pode auxiliar na retomada econômica do Estado. ''Temos uma gama de
produtos e setores prejudicados pela situação. O ajuste da legislação é
necessário, mas a articulação de esforços é essencial'', apontou.
O presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO),
Evandro Guimarães, afirma que é preciso melhor apoio técnico, operacional e de
pessoal para combater o contrabando. Ele defendeu a conscientização da
sociedade sobre os prejuízos causados com esta prática.''O produto pirata que é
adquirido hoje, custará a perda do emprego, da saúde e da educação de sua
família no futuro''.
O deputado federal José Stédile (PSB), que integra à Frente Parlamentar,
e a deputada estadual Zilá Breitenbach (PSDB)
O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco
(SindiTabaco), Iro Schünke e o diretor executivo da Abifumo, Carlos Galant,
representaram o setor do tabaco, o mais prejudicado com o contrabando no País,
já que, conforme o Idesf, o cigarro representa 67% dos produtos contrabandeados
no Brasil.
Idesf estima prejuízo de R$ 100 bilhões no País
com o contrabando
A estimativa do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de
Fronteiras (Idesf), que apresentou o estudo ''O custo do contrabando'', é que o
País tenha prejuízos em torno de R$ 100 bilhões com o contrabando, entre perdas
setoriais e sonegação, recurso suficiente para construir 1,4 milhão de casas
populares, 105 mil quilômetros de rodovias, 77 mil leitos hospitalares e 19 mil
creches.
Segundo o economista e presidente do Idesf, Luciano Stremel Barros, o
campeão do contrabando é o cigarro, que responde por mais de 67%dos produtos
que atravessam ilegalmente as fronteiras, o que equivale a R$ 6,4 bilhões em
perdas da indústria e evasão fiscal. ''O contrabando no Rio Grande do Sul subiu
22% entre 2012 e 2014. A estimativa é que o Estado perca, apenas neste ano, R$
500 milhões em impostos por causa do contrabando'', apontou.
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