No final da década de 1950, um inédito concurso milionário empolgou os cariocas e foi importado pelos gaúchos, também com grande sucesso. Trata-se da campanha promovida pelo Departamento de Renda Mercantil, do então Distrito Federal, chamada “Seu Talão Vale Um Milhão”. Ao que tudo indica, a ideia partiu do senhor Nelson Mufarrej, na época secretário- geral de Finanças da prefeitura do Rio de Janeiro, para coibir a sonegação de impostos na venda de produtos aos consumidores.
Mufarrej teria se baseado em sua própria experiência, ao constatar que mesmo em sua casa não havia controle de gastos devido à falta de comprovantes das despesas, o que dificultava um monitoramento mais preciso. “A contabilidade doméstica é sempre um problema. Não se faz contabilidade sem comprovantes, pois só estes permitem verificar sistematicamente como se gasta, quando se gasta e quanto se gasta”, concluiu ele.
Fazer com que o público exigisse notas fiscais e os comprovantes de caixa que, chegando a determinado valor, seriam trocados por cautelas numeradas que concorreriam a um grande prêmio em dinheiro, foi o artifício das autoridades para conseguir a adesão popular e, com isso, reforçar a fiscalização. Parece que deu certo. Aqui, o governo do Estado tirou proveito financeiro e fiscalizou, com vantagem, o Imposto de Vendas e Consignações.
Em Porto Alegre, no dia do sorteio, o ginásio de esportes do Grêmio Náutico União ficou lotado, e o resultado acabou com seis meses de expectativa de grande parte dos gaúchos. O grande ganhador foi o senhor Oscar Piccolo (na foto, com a mão no bolso), pai do campeão de vela Nelson Piccolo.