Nomeações poderão ser excepcionalizadas
02/07/2015
A Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia
Legislativa promoveu, na noite desta quarta-feira, 01, audiência pública para
tratar das nomeações das carreiras de Técnico Tributário da Receita Estadual e
Auditor-Fiscal da Receita Estadual.
Com o Plenarinho lotado, entre lideranças políticas,
sindicais, gestores da Receita Estadual, da Secretaria da Fazenda e aprovados
nos concursos, foram expostos ao Governo do Estado, representado pelo secretário-adjunto
da Fazenda, Luiz Antônio Bins, os motivos que justificam as nomeações. Foi
consenso entre os participantes que recompor os quadros da Receita Estadual não
é despesa e sim investimento para o Estado, já que o incremento da arrecadação
é fundamental para melhorar o atendimento nas áreas essenciais como saúde,
segurança e educação.
Proposta pela bancada do PCdoB, a audiência foi conduzida
pelo deputado Juliano Roso e contou com
a presença do deputado Marcel Van Hattem (PP) e do ex-deputado
Raul Carrion (PcdoB).
O deputado Juliano Roso manifestou que a efetivação dos
servidores é essencial para que o Estado possa superar a grave crise financeira,
já que são fundamentais para o incremento das finanças estaduais por
trabalharem diretamente na arrecadação de tributos.
O presidente do Afocefe Sindicato, Carlos De Martini
Duarte, abriu as discussões apontando que há 30 anos já se falava na imprensa
da grave crise do Estado e desde o
governador Jair Soares e todos os seus sucessores, o caminho percorrido foi o
mesmo para tentar superar as dificuldades financeiras. ''Precisamos inovar no
modo de atuação da Receita Estadual. O modelo atual está ultrapassado. O caminho
é reforçar a fiscalização ostensiva para combater a sonegação'', abordou. De Martini
afirmou que o Afocefe está concluindo estudos
para apresentar um trabalho técnico sobre forma integrada de atuar na
fiscalização. O presidente do Sindicato citou os últimos escândalos de
adulteração de produtos divulgados pela imprensa que atingem a diversos
setores,como leite, queijo, carne, pescado e casos recorrentes de contrabando, gerando
concorrência desleal e perda do emprego e renda dos gaúchos. ''Só com o contrabando
de cigarros, o Estado deixou de arrecadar R$ 115 milhões em 2014. Não há justificativa
que impeça a recomposição dos quadros da
Receita, para o bem do Estado'', apontou De Martini.
O secretário-geral do Afocefe, Niro Afonso Pieper,
afirmou que diante das evidências da necessidade de recompor os quadros da Receita,
confia no destravamento das nomeações.
Ele destacou ainda a qualificação dos atuais servidores da Fazenda e dos que
esperam a nomeação. ''O Estado precisa reforçar o quadro de pessoal para
enfrentar o combate à sonegação em setores não alcançados pelo repetitivo
modelo de fiscalização vigente.Neste momento, inovar é reforçar a forma
tradicional de aumentar a receita'', afirmou.
O vice-presidente da Febrafisco, Guilherme Campos,
lembrou que o secretário-adjunto da Fazenda,
quando dirigente sindical, ciente da necessidade de recompor a defasagem de
servidores, lutou pela realização dos concursos.
O representante da comissão dos aprovados no concurso
para Técnico Tributário, Tiago Bonacina, enalteceu a disposição dos futuros
servidores para trabalhar e ajudar o Estado a superar a crise. Destacou a
qualificação dos aprovados no concurso, devido ao grau de dificuldade das
provas e o elevado número de inscritos, que foram mais de 13 mil para disputar 100
vagas.
O secretário-adjunto da Fazenda, disse que o único empecilho
às nomeações é a Lei de Responsabilidade Fiscal, em que os últimos
levantamentos apontaram que o comprometimento da folha está acima do limite
prudencial. ''Tão logo a arrecadação do ICMS apresente melhores resultados, a
excepcionalidade do decreto do Governo que proíbe novas nomeações poderá ser
discutido '', afirmou. Bins afirmou ainda que apesar dos dez postos fiscais que
foram fechados no Estado, somente 5% das mercadorias transitariam por locais
onde não existe fiscalização, os chamados corredores de sonegação. O ex-deputado
Raul Carrion questionou o secretário-adjunto se é a melhor medida o Estado
abrir mão de arrecadar R$ 1 bilhão devido a falta de fiscalização.
No final da audiência pública, foram elencadas quatro
medidas: a elaboração de uma carta aberta, que será enviada ao Governador, ao
Judiciário e a outros órgãos representativos, como a Famurs, para reforçar a importância de
efetivar os concursados; a criação de uma Frente Estadual Parlamentar de Combate
à Sonegação, a realização de caravanas de visitas à Postos Fiscais e Delegacias
Fazendárias que estão em operação e os que foram fechados e uma campanha
institucional da Assembleia Legislativa de combate á sonegação.
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