Por Vilmar Zanchin – Deputado Estadual (PMDB)
O acordo do Pacto Federativo foi firmado em 1988 e,
desde então, regula a distribuição de recursos fiscais entre Governo Federal, Estados
e Municípios - determina quanto cada um dos entes da federação recebe de tudo o
que é arrecadado com impostos no país e, consequentemente, quais são suas
atribuições. Há quase 30 anos ficou estabelecido que a União retém,
aproximadamente, 60% de tudo o que é arrecadado, os Estados ficam com 25% e os
Municípios com 15%. O problema é que com o passar do tempo as prefeituras têm
cada vez mais deveres sem a contrapartida financeira. Ou seja, os municípios
assumem novos compromissos mas dispõem do mesmo dinheiro. Isso não pode dar
certo.
A evolução das atribuições com relação à educação é
um bom exemplo para explicar o impacto que a defasada distribuição de recursos
do Pacto Federativo exerce sobre os cofres públicos. Em 1988, as prefeituras
eram responsáveis pelo Ensino Fundamental. Já nos anos 1990, os municípios
assumiram também a educação infantil. Por fim, nos anos 2000, o Ensino Fundamental
ganhou um 9º ano. Isso significa que a responsabilidade das prefeituras dobrou
e aumentaram os anos de estudo, mas os recursos continuam os mesmos e escassos.
Não é à toa que a Famurs (Federação das Associações de Municípios do Rio Grande
do Sul) estima que 20% dos municípios vão fechar o ano no vermelho.
E como se não bastasse, discute-se a possibilidade
de terceirizar a fiscalização do ICMS, passando essa responsabilidade para as
prefeituras. Ao assumir essa terceirização, o município recebe mais um encargo
e assume uma obrigação que provavelmente não poderá cumprir.
A função de fiscalizar o ICMS é,
constitucionalmente, do Estado. A Receita Estadual deve chamar para si esta
responsabilidade através dos seus agentes, em especial os Técnicos Tributários,
que estão devidamente preparados para tal e, historicamente, desenvolvem a
fiscalização ostensiva, seja nos postos de fronteira, seja nas turmas volantes.
A fiscalização no trânsito de mercadorias, além de aumentar a arrecadação tão
necessária nesta profunda crise, serve para evitar a concorrência desleal, a
pirataria, a falsificação de produtos e preserva a saúde da população. Ao lado
dos avanços tecnológicos, indispensáveis na administração tributária, é
fundamental a presença física como elemento pedagógico, orientador e inibidor
da sonegação fiscal.
Esses são apenas alguns dos motivos pelos quais
precisamos lutar por uma distribuição de recursos e atribuições mais justa e
adequada. Na Assembleia, instalamos a Comissão Especial do Novo Pacto
Federativo e estamos percorrendo o Estado com audiências públicas para que a
sociedade possa nos ajudar a rever esse acordo. Ao final dos trabalhos, vamos
elaborar um relatório que será encaminhado à Brasília e
divulgado a todos os gaúchos.