ÁREA RESTRITA    
Login    Senha   
Página Incial
Técnicos Tributários participam de assembleia conjunta dos servidores públicos
Em coletiva de imprensa, Afocefe apresenta proposta para Estado superar acrise
Afocefe apresenta ao presidente da Assembleia Legislativa estudo que aponta saída para crise
NEWSLETTER
Assine a newsletter do AFOCEFE Sindicato e receba notícias por
e-mail:
Nome:
E-mail:
Notícias

Elevação de ICMS tem pouco potencial para resolver crise financeira do Estado

03/05/2015

Aumento de imposto é caminho trilhado por quase todos os governadores para melhorar o caixa, em detrimento de alternativas que deixam o Estado mais enxuto. Mesmo assim, problemas persistem


Espremido pela falta de dinheiro que torna o pagamento da folha um novo suspense a cada mês, o governador José Ivo Sartori acena com uma proposta indigesta que bate no bolso de toda a população e ao mesmo tempo não é nada original. O aumento do ICMS, ideia que ganha força no núcleo do poder pela fácil execução apesar do custo político, foi a saída emergencial para o aperto nas finanças ao menos tentada por quase todos os últimos inquilinos do Palácio Piratini desde Alceu Collares, com a exceção de Tarso Genro.

Diante da ameaça de maior carga tributária, onerando empresas e consumidores em um momento de economia claudicante, começam a surgir sugestões à proposição ensaiada pelo governo. Parte até pode integrar pacote de projetos a ser enviado nas próximas semanas para a Assembleia. Algumas têm o potencial de desagradar empresários e consumidores, que pagam a conta no final. Outras, de deixar o funcionalismo de nariz torcido.

Além de outras estratégias na área tributária, alienação de imóveis não utilizados, venda ou extinção de estatais deficitárias e revisão de privilégios também são apontadas como escolhas possíveis apesar das amarras burocráticas e resistências.

A elevação da alíquota básica de 17% para 18%, que só poderia vigorar a partir de 2016, teria o potencial de arrecadar R$ 600 milhões, sendo três quartos para o governo — os 25% restantes precisariam ser repassados aos municípios. Outra alternativa seria elevar a taxação de combustíveis, energia e telecomunicações, além de supérfluos.


Estudioso do tema, Alfredo Meneghetti, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) e professor da PUCRS, afirma que seria muito mais eficiente passar um pente-fino nos incentivos fiscais do que aumentar alíquotas. Dessa forma, avalia, seria possível encerrar benefícios tributários de empresas que não dão a contrapartida de geração de empregos e reflexos indiretos positivos na economia. Os dados compilados por Meneghetti mostram que as desonerações chegam a R$ 13,1 bilhões e o Estado é o quarto no país que mais abre mão do ICMS potencial. Caso caísse para a média, arrecadaria o suficiente para cobrir o déficit de R$ 5,4 bilhões previsto para este ano.

— É necessário verificar em quais casos os incentivos estão apenas engordando a margem de lucro e não retornam em termos de investimento e emprego e para a economia — sustenta Meneghetti, ciente de que sua posição é polêmica devido à corrente de pensamento aliada à tese de que um pé no freio nas desonerações poderia levar à perda de investimentos e ameaça de empresas deixarem o Estado.

O economista lembra que o Tribunal de Contas da União (TCU) detectou R$ 281 bilhões em incentivos fiscais do governo federal dois anos atrás, chamando a atenção para a inexistência de avaliação periódica dos resultados das renúncias.

Para o presidente do Sindicato dos Técnicos do Tesouro do Estado, Carlos De Martini Duarte, é em outra frente que o Estado tem de atuar. A melhor alternativa para turbinar a arrecadação, aposta, é reforçar a fiscalização:

— Nunca vi aqui no Estado um governador ou secretário da Fazenda pautar essa questão pelo lado do combate à sonegação.

Duarte sustenta que somente a recuperação da antiga estrutura que já existiu de fiscalização seria suficiente para aumentar a receita sem a necessidade de elevar alíquotas de impostos.

— Já tivemos 16 postos fiscais no Estado e 10 foram fechados. Já tivemos 82 turmas volantes e hoje existem 20. Isso abre corredores de sonegação — alerta Duarte.

Também adepto da ideia de revisão dos incentivos, mas "com todas as cautelas", o presidente da Instituto Brasileiro de Altos Estudos do Direito Público, Juarez Freitas, lembra que a própria Lei de Responsabilidade Fiscal ressalta que as desonerações devem ser acompanhadas de estimativas do impacto dos benefícios no orçamento e nas finanças no ano em que começam a valer e nos dois exercícios seguintes. O TCU, lembra Freitas, já apontou que, no âmbito federal, esse ponto quase nunca foi observado.

— O problema é saber se o governo vai ter a audácia de mexer nisso — pondera.

Risco de informalidade e apelo à simplificação

Entre as entidades empresariais, a possibilidade de aumentar a carga tributária causa calafrios. A opinião unânime é de que traz mais perdas do que ganhos. Rafael Borin, assessor tributário da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), prevê uma série de consequências negativas caso o governo Sartori eleve o ICMS. Entre os malefícios, aumento do custo de mercadorias e serviços e perda de competitividade das empresas gaúchas em relação a outras unidades da federação.

— Também é um estímulo à informalidade. Se a tributação é alta, as pessoas vão atrás do produto mais barato. E quem vendo o mais barato? Aquele que está na informalidade e sonega — alerta o assessor da Fecomércio-RS.


O advogado tributarista Rafael Nichele tem ainda outra receita. A simplificação da cobrança do ICMS poderia potencializar a arrecadação do tributo. O especialista lembra que hoje as empresas gastam muito tempo para decifrar qual seria a correta interpretação da legislação sobre tema por ser complexa, extensa, excessivamente detalhada e com mudança frequente de regras.

Mordida recorrente

Nas últimas décadas, quase todos os governantes que passaram pelo Palácio Piratini ao menos tentaram elevar alíquotas de ICMS

Alceu Collares (1991-1994)

- Em 1993, o governo elevou a alíquota básica do ICMS de 17% para 18%. A alíquota de 25% sobre a telefonia residencial foi ampliada para outros serviços de telecomunicações. Ao mesmo tempo, reduziu para 7% no caso de itens da cesta básica, antes taxados em 12% e 17%. A maior arrecadação seria destinada a um fundo especial para habitação popular.

Antônio Britto (1995-1998)

- Em 24 de julho de 1997, no mesmo dia em que a Assembleia aprovava a privatização total da CRT, por 26 votos a 18 os deputados estaduais também avalizaram a intenção do Palácio Piratini de aumentar o ICMS. A alíquota geral, que era de 17%, passou para 18%. Armas, brinquedos, munições, cigarros, energia elétrica, gasolina, comunicações e perfumaria passaram de 25% para 26%. No caso de produtos agrícolas e aviões, de 12% para 13%. As novas alíquotas começaram a valer em 1998, com vigência de um ano. Nos 12 meses, a projeção era arrecadar R$ 117 milhões — já descontados 25% do montante total repassado para os municípios — e aplicar os recursos na segurança pública.

Olívio Dutra (1999-2002)

- No início da gestão, o governo fez a primeira das três tentativas de elevar o ICMS. Em 1999, a proposta era aumentar a alíquota de bebidas alcoólicas, cigarros e combustíveis (exceto óleo diesel) e energia de 25% para 28%. Refrigerantes subiriam de 18% para 21% e telecomunicações, de 25% para 30%. A intenção era cumprir promessa de aumento ao funcionalismo. Assembleia derrotou o projeto por 39 a 14.

- Em 2000, Olívio fez a segunda tentativa. O conceito proposto era de mudança na matriz tributária. Com isso, previa elevação de alíquotas em alguns casos, mas redução de ICMS para outros. Aumentaria a carga sobre comunicações (de 25% para 30%), gasolina, álcool, energia residencial acima de 300 kwh por mês, cigarros, cervejas ( 25% para 28%) e refrigerantes (18% para 21%). Por outro lado, teriam menores alíquotas papel higiênico ( 17% para 12%), mel, vinagre e hortaliças, extrato de tomate e hortaliças ( 17% para 7%), bolachas e biscoitos ( 12% para 7%). Também teriam outros benefícios fiscais carnes, leite em pó, queijo, arroz, soja, máquinas agrícolas e móveis

- No ano seguinte, nova tentativa frustrada. Desta vez, a iniciativa recebeu o nome de Programa de Incentivo ao Crescimento (PIC), mas foi rejeitado por 32 votos contrários, 21 a favor e uma abstenção. Para tentar obter a aprovação, o governo chegou a desistir do aumento de um ponto percentual sobre a alíquota do ICMS dos cigarros e refrigerantes, mantendo a majoração do imposto sobre os serviços telefônicos e a cerveja. Cerca de 40 produtos da agropecuária teriam o índice tributário reduzido.

Germano Rigotto (2003-2006)

- Com maior apoio na Assembleia, Germano Rigotto conseguiu em março de 2005 subir a alíquota de ICMS de 25% para 30% da telefonia fixa, celular e de energia (para consumidores residenciais e comerciais acima de 50 quilowatts/hora. No caso de gasolina e álcool, de 25% para 29%, com a alíquota caindo para 28% no ano seguinte. Nos oito meses que vigorariam as novas alíquotas, o cálculo era arrecadar R$ 250 milhões a mais.

Yeda Crusius (2007-2010)

- O governo tentou sem sucesso elevar a alíquota básica de ICMS de 17% para 18% em 2007. Gasolina e álcool subiriam de 25% para 30%, diesel de 12% para 13%, GNV de 12% para 18%, telefonia e energia elétrica de 25% para 30% (para consumo acima de 50 kWh), refrigerantes (de 18% para 21%). O impacto calculado em 2008 seria de R$ 959 milhões.

Tarso Genro (2011-2014)

- Exceção, Tarso Genro não elevou alíquotas de ICMS e preferiu enfrentar a crise financeira aumentando os saques de depósitos judiciais.

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/05/elevacao-de-icms-tem-pouco-potencial-para-resolver-crise-financeira-do-estado-4752225.html

(Fonte: Zero Hora, 02 de maio de 2015)

VOLTAR
Print

Em construção

Rua dos Andradas, 1234, 21º andar - Porto Alegre/RS - CEP 90.020-008
Fone: (51) 3021.2600 - e-mail: afocefe@afocefe.org.br