Tarso espera que Dilma paute votação do indexador - Jornal do Comércio
14/02/2014
O governador Tarso Genro disse nesta quinta-feira, em Porto Alegre, que
aguardará que a presidente da República, Dilma Rousseff, recoloque em
pauta o sinal verde para o Senado votar a mudança de indexador da dívida
com a União. Tarso tem dito que não pretende tratar do impasse, que se
instalou após a área econômica ter barrado a apreciação do Projeto de
Lei Complementar (PLC) 99/2013 em fevereiro, na visita da presidente no
dia 20.
O secretário-executivo do Conselho Estadual de
Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Marcelo Danéris, disse que
pretende entregar o documento, aprovado em reunião extraordinária do
órgão em apoio à votação da mudança, na visita da chefe do executivo
federal.
Questionado se poderia fazer o pedido diretamente a
Dilma, o governador declarou que vai “esperar que no momento adequado a
presidente paute a questão”. Após participar da reunião do Conselhão, no
Palácio Piratini, que atraiu empresários de grupos industriais,
entidades setoriais, chefes de poderes estaduais e o ex-governador Alceu
Collares, Tarso apontou que a atenção se volta para as votações em
duas comissões do Senado nas próximas duas semanas e garantiu que está
fazendo articulações com outros estados, mas não detalhou a estratégia.
Na
quarta-feira, em entrevista, Tarso preveniu que eventual fracasso na
troca de indexador (saindo IGP-DI mais 6% de juros ao ano e entrando
IPCA e 4%) pode paralisar investimentos. A dívida com a União em 2013
somava R$ 45,2 bilhões.
A tese do governo gaúcho é que a
substituição reduz o resíduo após 2027 e não mexe na parcela de 13% das
receitas que são enviadas ao credor federal. Com o novo indexador, o
Estado abre espaço para contratar crédito de R$ 2,1 bilhões em 2015.
Na
reunião do conselhão, discursos descartaram impacto fiscal nas contas
do governo federal – argumento usado pelo ministro da Fazenda, Guido
Mantega, para adiar a apreciação, e defenderam a capacidade de manter a
máquina pública. Tarso disse que Mantega está equivocado.
Collares
criticou a postura do ministro e disse que o setor financeiro é culpado
da crise recente. Citando campanhas revolucionárias do passado gaúcho,
Collares defendeu “que uma rebelião pode sair do governo Tarso”. O
presidente da Gerdau, André Gerdau, acredita que a mobilização ajuda,
mas preveniu que a solução está na mão do governo em Brasília. “A
presidente sabe do problema. Este debate é importante e todos estamos
juntos, pois precisa ocorrer a mudança”, disse Gerdau, adiantando que,
em caso de vitória, é preciso adotar gestão, bom uso dos recursos,
eficiência e redução de custos do Estado.
Ex-presidente da
Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) e um dos vice-presidentes da
Confederação (CNI) Paulo Tigre destacou que o problema tem de ser
encarado o quanto antes, devido ao impacto para a capacidade de
investimento. Para Tigre, também pode ser uma questão de momento para
obter a aprovação, com aval do governo. “Mas não é uma luta só de um
estado, precisa ter uma ideia conjunta”, afirmou Tigre.
O
deputado federal e vice-líder do governo Dilma na Câmara dos Deputados,
Henrique Fontana (PT-RS), defende melhor oportunidade para a votação. “A
posição do ministro Mantega é pautada por uma conjuntura e um momento,
mas o Estado está correto.” Henrique Fontana avalia que a janela pode se
abrir em até 60 dias.
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