O deputado Raul Carrion (PCdoB) defendeu na tribuna da Assembleia Legislativa, na terça-feira, 26, a realização do concurso público para a carreira de Técnico do Tesouro do Estado.
Abaixo, a íntegra do pronunciamento do deputado:
SR. RAUL CARRION (PCdoB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:
Saúdo a todos os que nos acompanham nesta tarde, em especial o presidente da
Afocefe Sindicato, Carlos de Martini, que aqui se encontra com outros membros
da direção da entidade e da categoria.
Venho à tribuna tratar de dois projetos. O primeiro deles é o projeto nº
354/2013, do Poder Executivo, que cria, na Fazenda, a carreira de assistente
administrativo fazendário, de nível médio. O projeto cria 200 cargos de
assistente administrativo fazendário, que serão de provimento efetivo, e
extingue 300 cargos da categoria dos técnicos do Tesouro do Estado.
Já manifestei algumas preocupações que a bancada do PCdoB possui em relação
a esse projeto, tendo em vista o fato de a categoria dos técnicos do Tesouro,
que vem tendo o seu quadro reduzido, estar há 12 anos sem concurso público.
Isso tem gerado dificuldades importantes na fiscalização do trânsito de
mercadorias no Rio Grande do Sul, para situar um dos aspectos.
Nos últimos anos, deputado Valdeci Oliveira, tivemos 11 postos de
fiscalização fechados. Restam somente seis postos de divisa em operação, sendo
que dois deles – o de Goio-En e Irai – podem vir a ser fechados por falta de
pessoal.
Das 80 equipes volantes de fiscalização previstas, estamos reduzidos, hoje,
a 28. Ou seja, há em torno de 30 e poucos por cento do que haveria pela
previsão. Isso que a economia se desenvolveu, como também a população. É
necessário, portanto, quanto maior o volume do comércio e da produção, que haja
uma fiscalização eficiente.
É importante dizer que boa parte desses postos ou equipes volantes foram
fechados por falta de pessoal. Em função disso, nesse ano que passou, esta Casa
reuniu cinco comissões permanentes para pedir um debate sobre o tema.
Fizemos um abaixo-assinado que contou com a adesão de mais de mais 40
deputados, o qual levamos ao Sr. Governador solicitando uma audiência. Depois
de muita insistência, conseguimos essa reunião.
O conjunto das bancadas – e é bom dizer que não era da situação ou da
oposição, ou do partido A ou B – desta Casa, por meio de uma
audiência pública dessas cinco comissões, quando da ida ao governador, referiu
a necessidade, além do avanço tecnológico na Secretaria da Fazenda, da chamada
fiscalização presencial, que não pode prescindir dos técnicos do Tesouro.
Os próprios técnicos do Tesouro fizeram uma ampla campanha solicitando
concurso público. Agora, no mês de agosto, tivemos a deliberação do governador
do Estado, Tarso Genro, autorizando a chamada dos aprovados no concurso público
para técnico do Tesouro. Se não me equivoco, são 100 técnicos para suprirem em
parte essa defasagem, lembrando ainda que mais de 180 poderão se aposentar no
próximo período.
Já há uma defasagem de cerca de 900 técnicos, sendo que 180 estão em
condições de se aposentarem no próximo ano. O concurso autorizado, ainda que
limitado a 100 técnicos do Tesouro, seria pelo menos um passo no sentido do
fortalecimento da nossa fiscalização.
Ao mesmo tempo em que o governador autorizou o concurso público para os
técnicos do Tesouro, autorizou também para os auditores, outra categoria que
também está com o quadro extremamente diminuto.
E o que aconteceu? A comissão organizadora do concurso público dos auditores
foi escolhida. A Fundatec foi contratada para elaborar o concurso e, inclusive,
já fez o edital do concurso.
Sr. Presidente, solicito o tempo de uma comunicação de líder para terminar
meu pronunciamento.
O
SR. PRESIDENTE PEDRO WESTPHALEN (PP) – Por solicitação do orador, concedo
uma comunicação de líder a S. Exa.
O SR. RAUL CARRION (PCdoB) – Enquanto isso, já se passaram – de
agosto até agora – quatro meses, pelo menos. Sequer a comissão foi organizada.
Ou seja, não há indicativo positivo, apesar – e quero ressaltar isto – de o
governador ter autorizado. Fica uma pergunta: que poder existe, maior que o
governador, que impede a realização do concurso?
O Parlamento já fez a indicação da necessidade, o governador autorizou o
concurso e sequer a comissão organizadora foi constituída. Então queremos dizer
que a aprovação do projeto de criar, digamos, uma outra carreira de nível médio
evidentemente tem de dialogar com essa necessidade de recompor o quadro dos
técnicos do Tesouro, senão a ideia que fica é que estamos diminuindo a
categoria dos técnicos do Tesouro e criando uma alternativa, ou seja
desconsiderando a grande contribuição, a competência técnica, o trabalho e a
luta que os técnicos do Tesouro vêm fazendo para bem fiscalizar nosso Estado.
Para não ficar uma ideia de que é uma luta corporativa, queria lembrar – o
deputado Aldacir Oliboni também esteve nas audiências públicas – que esse foi
um pedido dos prefeitos do interior, que alegaram que, sem a fiscalização da
entrada de mercadorias de outros Estados, havia um prejuízo nas economias
locais. Então, não estamos tratando aqui de uma categoria; estamos tratando do
interesse do Estado do Rio Grande do Sul.
A nossa avaliação é que esse projeto que cria essa carreira de nível médio
no quadro da Fazenda tem de dialogar com a questão da retomada e recuperação
também da categoria dos técnicos do Tesouro.
Tenho certeza de que a categoria está aberta ao diálogo. Não há necessidade
de os técnicos do Tesouro, altamente qualificados, cumprirem determinadas
tarefas burocráticas, administrativas, que podem ser realizadas por outra
categoria. Não pode, no entanto, haver uma substituição. Não pode haver uma
eliminação da categoria dos técnicos do Tesouro por uma outra que,
evidentemente, não poderá cumprir suas funções.