VALTER CAMPANATO/ABR/JC
Desde 2006, fábricas do setor caíram de 1,5 mil para 650 no Estado
Representantes das empresas gaúchas
do setor de olarias serão recebidos hoje pela Secretaria de
Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI). Os empresários do
setor cobram mais apoio do governo estadual e também maior fiscalização
na divisa com Santa Catarina – os gaúchos acusam oleiros do estado
vizinho de praticar concorrência desleal.
Estarão presentes na
reunião integrantes das secretarias estaduais da Fazenda e de
Desenvolvimento e Promoção do Investimento, assim como representantes do
Banrisul, Brde e Badesul. Fepam e outros órgãos de fiscalização também
deverão participar das discussões.
Segundo o presidente do
Sindicer-RS (Sindicato da Indústria Cerâmica para Construção do RS),
Jorge Romeu Ritter, o governo precisa olhar com mais atenção para o
setor, que vem sofrendo grave recuo nos últimos anos. Um estudo
encomendado pela entidade e realizado pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (Ufrgs) mostra que, em 2006, o setor contava com quase 1,5
mil empresas – número que hoje caiu para 650. O mesmo estudo calcula em
12 mil o número de postos de trabalho que poderiam ser criados se
houvesse mais apoio governamental para o segmento. Atualmente, o setor
emprega cerca de 5 mil pessoas.
“Queremos uma linha de crédito
com prazo maior para pagar. Há 12 anos tinha, hoje não tem. O Banco do
Estado de Santa Catarina tem linha de crédito para os oleiros de lá”,
afirma Ritter. Os empresários também solicitam isenção de impostos para o
setor.
A disputa com Santa Catarina, com custos muito mais
baixos de produção, é a principal preocupação dos oleiros gaúchos. De
acordo com Ritter, o Rio Grande do Sul produz 64 milhões de telhas e
blocos, enquanto chegam aproximadamente 32 milhões de blocos e telhas do
estado vizinho.
Como boa parte desses produtos entra de forma
irregular, o setor também cobra uma fiscalização mais rígida para o
material que vem de fora do Estado. Segundo Ritter, passam muitos
tijolos e telhas que não atendem às normas do Inmetro. Além disso,
muitos produtos viriam de Santa Catarina sem marca, com notas frias, e
seriam entregues diretamente em canteiros de obras. “Há duas empresas
que sobem por Bom Jesus e escapam totalmente da fiscalização. Outras
apresentam notas de seis ou sete mil tijolos e passam com 12 mil”, diz.