Sobrevoos intensificam fiscalização da Receita Federal
15/04/2013
A Receita Federal iniciou novas operações de sobrevoo no Estado,
dedicadas a identificar possíveis sonegações fiscais relacionadas a
construções imobiliárias e a amparar o serviço de inteligência mantido
pela aduana nas fronteiras. As ações, denominadas Operação Sobrevoo III e
Operação Azulão II são distintas, mas ocorrem, pela primeira vez, no
mesmo período. A dupla operação começou na semana passada e se estende
até o dia 18. Segundo o o superintendente regional da Receita
Federal, Paulo Renato Silva da Paz, há indícios de mais de 1,1 mil
irregularidades imobiliárias, de acordo com cruzamentos de dados
iniciais que apontam a existência de aproximadamente 500 contribuintes
irregulares em Passo Fundo, Carazinho e Erechim, e outros 500 na região
de Pelotas, Rio Grande e São Lourenço. Também são apontados,
preliminarmente, 130 em Uruguaiana (o levantamento que ainda não foi
concluído). “O indício pode se confirmar ou não, porque, por exemplo, o
imóvel poderia não estar ainda em nome da pessoa que fez a edificação,
mas ela já fez o recolhimento”, alerta o superintendente. A
Operação Sobrevoo III é focada na identificação de sonegações
relacionadas às construções, previstas a partir de informações prestadas
pelas declarações do Imposto de Renda cruzadas com dados fornecidos
pelos municípios, construtoras, imobiliárias e cartórios de registro
imobiliário. “A expectativa é de que o máximo de pessoas façam a
auto-regularização, que não aguardem ser intimados, porque o
contribuinte que faz espontaneamente paga uma multa de mora de 20%,
enquanto quem aguarda intimação pode pagar uma multa de 75%, chegando
até a 225%”, detalha Paz. Já a Operação Azulão II serve como
subsídio para aduana, fornecendo informações que sirvam às ações
estratégicas da Receita Federal para as regiões de fronteira. “O
objetivo não é fazer apreensões neste momento, mas a identificação de
estradas vicinais, portos clandestinos, depósitos. A gente tem essas
imagens feitas em 2009 e vamos refazê-las agora e comparar para ver se
tem estrada nova, porto novo. Essa é a perspectiva do trabalho”, afirma o
superintendente. “Em 2009 não houve apreensões, mas a partir daquele
trabalho escolhemos locais para futuras ações de combate ao contrabando e
descaminho”, acrescenta. Este é o terceiro semestre consecutivo
de realização dos sobrevoos que, no ano passado, resultaram em um
aumento geral de 24,56% na arrecadação das regiões investigadas em
comparação com o ano anterior. Dessas, o Litoral Norte responde pelo
maior crescimento, com um percentual 46% superior em relação a 2011. “Tem
dois fatores que podem explicar essa diferença. Um deles é que no resto
do Estado a operação ocorreu mais no segundo semestre e houve greve de
servidores, então, o trabalho ficou um pouco atrasado em relação ao que
estava no Litoral Norte. E o outro fator é que, talvez, no Litoral Norte
houvesse o maior número de imóveis irregulares”, explica o
superintendente regional da Receita Federal, Paulo Renato Silva da Paz.
“O crescimento de arrecadação no Estado ficou em torno de 8% e na área
de atuação dos sobrevoos ficou em pelo menos o triplo disso”, ressalta
Paz.
(Fonte: Jornal do Comércio, 15 de abril de 2013)
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