Alerta nas finanças - Página 10 - Zero Hora
11/03/2013
Estudos da Secretaria da Fazenda sobre a
situação financeira do Estado em 2013, 2014 e 2015 indicam o
aprofundamento da crise estrutural que fragiliza os cofres do Piratini.
Conhecido pela ponderação e seriedade, o titular da Fazenda, Odir
Tonollier, definiu o cenário como preocupante.
A gravidade fica
explícita quando Tonollier compara, mesmo sem citar números, o déficit
das contas estaduais de 2012, que superou a casa dos R$ 700 milhões, com
a projeção para 2013.
– Temos indicativos e ao longo do ano vamos monitorar. O déficit será significativamente maior do que o de 2012 – asseverou.
Os
principais inimigos das finanças, hoje, são a dívida com a União, o
déficit da previdência e os aumentos salariais que irão pesar a partir
deste ano para servidores do magistério e da segurança pública,
categorias com calendários de reajustes até 2014 e 2018,
respectivamente.
Somente em 2013, o Estado deverá enviar ao
Planalto R$ 2,8 bilhões a título de pagamento da dívida. O rombo da
previdência deve chegar a R$ 6,2 bilhões. Soluções para esses problemas,
em curto prazo, são difíceis. O governo federal enviou ao Congresso
proposta que reduz a taxa de juro sobre a dívida. Devem sair os 12% –
IGPDI acrescido de 6% – verificados no último ano, abrindo espaço para
os 7,25% da taxa Selic. Essa medida não reduzirá o montante de recursos
escoados para quitar o passivo, mas antecipará o término dos pagamentos
de 2037 para 2027.
– Isso ajuda porque vai abrir espaço para mais endividamento – avalia Tonollier.
A
hipótese de reduzir de 13% para 9% o limite da Receita Líquida Real que
pode ser repassada como pagamento da dívida está fora dos planos,
apesar de ter potencial para gerar economia anual de cerca de R$ 1
bilhão.
– Só baixar o percentual da Receita Líquida não resolve.
Isso causaria acúmulo de estoque da dívida. Não terminaríamos de pagar
nunca – pondera o secretário.
Para o titular do Planejamento,
João Motta, a situação é contraditória. Enquanto o Tesouro está em
crise, o Estado captou recursos recordes para investir. Somando os
empréstimos e os repasses do PAC, o Piratini conta com R$ 5,9 bilhões
para investir em obras e financiar o desenvolvimento.
– A
estratégia é deixar os recursos do Tesouro somente para a folha salarial
e os mínimos constitucionais. O resto é por empréstimo – diz.
O
Piratini espera acelerar a economia e a arrecadação com as medidas, mas,
até agora, preponderou o inchaço da folha salarial, o crescimento do
déficit público e o risco de atrasar o pagamento de contas de rotina.
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Em 2012, o déficit das contas do Estado somente não superou a cifra
de R$ 1 bilhão porque um empréstimo de R$ 300 milhões foi repassado ao
Piratini pelo Banco do Brasil nos últimos dias do ano.
(Fonte: Zero Hora 11/03/2013 - Página 10, Rosane de Oliveira)
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