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Alexandre Tombini "Política fiscal rígida é essencial para país atravessar a crise global"

12/08/2011
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez ontem um discurso insistindo na necessidade de o setor público brasileiro continuar gerando superávits primários capazes de manter a trajetória de redução da dívida pública líquida como proporção do Produto Interno Bruto, hoje em torno de 40%. A manutenção de uma política fiscal rígida é, na sua visão, fator essencial para que o país atravesse sem trauma essa nova fase de crise mundial, que deve ser prolongada e com novos "sobressaltos"."Temos que confirmar o diferencial que temos hoje, que é a questão fiscal", disse Tombini em palestra no Seminário Internacional sobre Justiça Fiscal, em Brasília. Ele se referia à situação do Brasil comparativamente à de países que viram suas dívidas disparar em relação ao tamanho de suas economias, como Estados Unidos e diversos países da Europa.

 Para o presidente do BC, a turbulência global que se refletiu em forte queda das bolsas de valores, no início da semana, é desdobramento da crise de 2008, que foi essencialmente de falta de liquidez nos sistemas financeiros. A crise de liquidez evoluiu para uma crise fiscal.

 As próprias soluções dadas pelos governos de países desenvolvidos naquela ocasião geraram o atual quadro. "Estamos vendo as consequências fiscais das respostas à crise de 2008". As dívidas dos países ricos, cuja sustentabilidade agora é questionada pelos mercados, gerando desconfiança, dispararam desde então por causa da enorme injeção de recursos públicos nos bancos, renúncias fiscais e aumento de gastos, lembrou Tombini.

 Ele entende que, além da situação fiscal, também ajudará no enfrentamento dessa nova fase da crise o aumento da classe média no total da população brasileira, com consequente expansão do mercado interno de consumo.

 O presidente do BC lembrou também o atual regime cambial brasileiro, que tende a ajustar automaticamente o balanço de pagamentos, amortecendo os choques externos. "Temos uma primeira frente de defesa que é o regime de câmbio flutuante".

 Tombini acredita que a crise mundial será prolongada porque, diante da limitação fiscal dos governos, não vê perspectiva de retomada rápida do ritmo de crescimento das economias dos países desenvolvidos. "A recuperação tem sido hesitante... O mundo vai crescer menos do que se previa".

 Ele não vê sinais, por outro lado, de novos problemas de liquidez e, portanto, nem falta de recursos externos para financiar o déficit brasileiro em transações correntes. As intervenções dos governos dos países ricos na crise de 2008, injetando recursos nos sistemas financeiros, surtiram efeito que dura até hoje. Um sintoma disso é o ingresso de moeda estrangeira no Brasil, que tem sido expressivo e até exigido medidas do governo para contê-lo e reduzir impactos indesejados sobre a taxa de câmbio.

Durante o mesmo seminário, Tombini reafirmou a convicção de que a inflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltará ao centro da meta já em 2012. A variação medida em 12 meses, que foi de 6,87% até julho, cairá a partir do próximo mês, destacou. (Fonte: Valor econômico 11.08.11)

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