Economia subterrânea representa 18,3% do PIB nacional
05/07/2011
A economia subterrânea, que engloba a produção de bens e serviços não
reportados ao governo, movimentou R$663,4 bilhões em 2010. O montante
corresponde a 18,3% do PIB, aponta o Índice de Economia Subterrânea
divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) e
calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com base na demanda por
moeda e dados do IBGE sobre o mercado de trabalho. O percentual se
manteve próximo ao apurado em 2009 e 2008 (18,5% e 18,7%), o que revela
que a economia informal continua praticamente no mesmo patamar há três
anos. O indicador vinha caindo com mais força até 2008.
De 2003 a 2008 o tamanho da economia subterrânea em proporção ao PIB
caíra de 21% para 18,3%. O pesquisador da FGV Fernando de Holanda
Barbosa Filho diz que isso pode significar que já houve formalização de
parcela importante da economia e que, daqui em diante, o processo será
mais lento. Segundo ele, a expectativa para 2011 é de queda gradativa.
— A economia subterrânea está crescendo um pouco menos que a economia
formal. Mas a única forma de haver uma queda abrupta seria por mudanças
institucionais em fatores que estimulam essa economia, como a forte
carga tributária e os altos custos trabalhistas no país — diz Barbosa
Filho.
O economista cita ainda a elevada corrupção no país e a queda na
participação de itens manufaturados nas exportações como fatores que
impedem uma maior redução do tamanho daeconomia subterrânea. Por outro
lado, a economia aquecida impulsiona a formalização, exigida para acesso
ao crédito por empresas e pessoas físicas.
Volume movimentado ainda é muito significativo
Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da CNC, diz que o aumento
da informatização e uso do dinheiro plástico (cartões) também têm
dificultado a expansão da informalidade. Para Freitas, a melhora da
renda é outro ponto favorável, pois leva ao consumo de serviços mais
sofisticados.
O fato, destaca o Etco, é que o volume absoluto movimentado pela
economia subterrânea ainda é muito alto. O total apurado em 2010 superou
a previsão divulgada em novembro passado pela instituição, de R$656
bilhões. Também é maior que os R$632,9 bilhões de 2009.
— A economia subterrânea não cresceu tanto quanto o PIB, mas não
diminuiu. Se o país mantiver ritmo satisfatório e aperfeiçoar a
legislação tributária e trabalhista, o que é uma incógnita, ainda
faltará muito para chegarmos a níveis de países da Europa e EUA — diz o
presidente executivo doEtco, embaixador Roberto Abdenur.
(Fonte: O Globo - Rio de Janeiro/RJ - PRIMEIRO CADERNO - 29/06/2011)
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