Difícil de digerir
27/04/2011
Com ampla maioria na Assembleia e uma oposição fragilizada, o governo de Tarso Genro ainda não encontrou obstáculos no caminho. Deverá encontrá-los na hora de votar o pacote cujo esboço foi apresentado ontem a secretários e líderes aliados. Os deputados terão de escolher entre a fidelidade ao governo e a pressão externa das galerias contra mudanças na previdência, dos proprietários de automóveis contra a inspeção veicular e dos credores de precatórios contra o limite para pagamento das RPVs. Ao incluir a inspeção veicular no pacote para votação em regime de urgência, o governo fornece elementos para que se questione se a intenção é proteger o meio ambiente, como se vende no mercado das boas intenções, ou simplesmente encontrar mais uma fonte de receita. Tudo indica que o Piratini está tentando fazer as duas coisas: inspecionar os carros para identificar os que poluem ou rodam sem condições de segurança e, de quebra, fazer caixa. O regime de urgência, que o PT criticava quando era oposição, engessa o debate de projetos que mexem com a vida dos gaúchos. É um artifício que os governos usam quando querem aprovar propostas indigestas. As mudanças na previdência já começaram a tirar o sono dos servidores. Ainda que só atinjam os que ganham acima de R$ 3,8 mil, a resistência virá de todos os lados. O governo tentará quebrar essa corrente mostrando aos que ganham menos que são usados como massa de manobra pelos que recebem altos salários e que, nesse ciclo vicioso, acabam inviabilizando os próprios aumentos. Antes mesmo de Tarso encaminhar o pacote à Assembleia, as corporações decidiram se vacinar: um ato público “contra a retirada de direitos” será realizado amanhã, com a participação de servidores públicos e trabalhadores do setor privado em frente ao Palácio Piratini, a partir 15h.
(Fonte: Zero Hora - Página 10 - Rosane de Oliveira)
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