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Processos assustam a Fazenda

14/04/2011
As requisições de pequeno valor (RPVs) se transformaram em um dilema financeiro para Tarso. A velocidade com que essas dívidas batem à porta da Fazenda surpreendeu o governo. Se não fizer nada, o Executivo deverá desembolsar somente este ano cerca de R$ 800 milhões com as RPVs – o valor supera em quase R$ 100 milhões, por exemplo, o orçamento do Daer para este ano (R$ 703,8 milhões). O plano do Piratini é frear o gasto ao teto de R$ 300 milhões este ano. A decisão poderá desestimular servidores com processos mais recentes a tomarem decisões como a de Jessé Germano Kiess, de Porto Alegre. O processo do tenente da BM ainda não passou pela fase de cálculos, mas tende a superar 40 salários mínimos. – Se o pagamento for se prolongar muito, mais de 10 anos, eu aceitaria renunciar a parte desse valor para receber logo, mas se a RPV também demorar, aí eu esperaria – pondera Kiess. Embora o governo alegue não ter alternativas, será difícil obter a compreensão de quem já sonhava com o dinheiro em um futuro próximo. – Primeiro veio Yeda, mulher, professora. Depositei minhas esperanças nela. Agora, com o Tarso, esperávamos que olhasse com carinho para nós – lamenta a pedagoga Paula Maria Salgado Marder, 59 anos, de Porto Alegre, que considera estar “na boca do caixa” para receber sua RPV de 40 salários mínimos e que, após todos os descontos legais, deverá somar apenas R$ 12,5 mil.

A origem do rombo
POR QUE AS LEIS BRITTO GERARAM DÍVIDAS?
- Em 1995, Britto fixou reajustes para servidores. No ano seguinte, parte dos aumentos foi suspensa porque ultrapassava o limite do gasto dos Estados com pessoal.
- Até 1999, o Estado vinha ganhando a maior parte das ações, mas os juízes deixaram de aceitar o argumento de impossibilidade de pagamento por conta da Lei Fiscal e multiplicaram-se decisões a favor dos funcionários.
- De 2008 a 2010, Yeda regularizou o pagamento dos reajustes (que variaram de 19,9% a 33,09%) para cerca de 200 mil matrículas de servidores ativos e inativos e de pensionistas.
- O passivo dos anos anteriores, no entanto, vem sendo pago judicialmente em milhares de RPVs. Os valores retroativos teriam potencial para gerar quase R$ 10 bilhões em pagamentos ordenados pela Justiça. O total pode variar por conta de negociações caso a caso.
(Fonte: Zero Hora - Porto Alegre/RS)

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