Assembleia busca resgatar prestígio
01/02/2011
Empossados ontem, 55 deputados têm pela frente quatro anos para vencer um desafio: tornar a Assembleia Legislativa novamente o centro dos debates do Estado. O primeiro passo foi dado com um acordo de gestão compartilhada entre os quatro deputados que vão assumir a presidência durante a 53ª Legislatura (2011-2015). O primeiro deles, eleito por unanimidade ontem, é Adão Villaverde (PT).– Esta Casa tem de recuperar o seu papel de estar à frente dos grandes temas, dos grandes debates. Precisamos ter um parlamento forte, qualificado – disse ele. Uma das barreiras que precisam ser ultrapassadas é a preocupação dos gabinetes com interesses paroquiais em detrimento das questões amplas, de interesse geral do Estado. Outro desafio é demonstrar que a Casa tem capacidade de evoluir administrativamente, evitando a repetição de escândalos como a fraude dos selos. Villaverde dirigirá uma Mesa pluripartidária e que estará comprometida, segundo ele, com métodos de modernização administrativa. A promessa é que os próximos presidentes – Alexandre Postal (PMDB), em 2012, Pedro Westphalen (PP), em 2013, e Gilmar Sossella (PDT), em 2014 – atuem conjuntamente e façam uma gestão continuada. Uma das propostas é alterar a tramitação de projetos considerados de urgência pelo Executivo.– Se você quer ter uma relação respeitosa com o adversário, que privilegie o debate qualificado, terá de fazer os projetos andarem pelas comissões – disse Villaverde. O encaminhamento, pelo governo do Estado, de um pacote com 17 projetos, alguns com pedido de urgência, poderá causar a primeira tensão entre o Executivo e o Legislativo. Ontem, a líder de governo, Miriam Marroni (PT), preferiu não avançar o sinal antes de uma almoço que a base aliada terá hoje com Tarso Genro. – Possivelmente, vamos manter os projetos de urgência, mas só teremos uma definição amanhã (hoje) – disse Miriam. Primeiras polêmicas
O primeiro ano de uma nova legislatura costuma ser de trégua para o Executivo. A tradição deve se repetir este ano, principalmente por conta da força da base de Tarso, formada por 32 deputados de seis partidos. Como algumas legendas têm histórico de traições, o Piratini precisará dialogar e negociar. Alguns temas devem provocar maior discussão entre os deputados. No pacote com 17 projetos que o governo cogita encaminhar à Assembleia (alguns deles com pedido de urgência), os mais polêmicos são a redução da aposentadoria dos ex-governadores e o novo salário mínimo regional. Outro assunto espinhoso do primeiro ano deve ser a reforma da previdência do setor público. A rivalidade do Conselhão
O relacionamento entre o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e a Assembleia ainda é uma incógnita. A oposição teme que o Conselhão de Tarso Genro acabe fazendo sombra ao parlamento por antecipar os debates e envolver a população. Enquanto que o presidente Adão Villaverde (PT) acredita ser possível potencializar as tarefas e responsabilidades da representação direta do Conselhão com a representatividade política e institucional da Assembleia, deputados da oposição lamentam a ausência de diversas regiões e setores sociais no conselho e advertem que o órgão não pode assumir responsabilidades que devem ser do governo. Gestão contra desvios
Depois de uma série de denúncias de mau uso do dinheiro público, a Assembleia adotou uma série de novos processos de gestão sob a orientação do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP). Em 14 meses, a parceria produziu uma economia de R$ 3,5 milhões – um resultado comemorado pelo ex-presidente Giovani Cherini, e que o novo, Adão Villaverde, prometeu continuar. O Legislativo gaúcho tem um orçamento de cerca de R$ 374 milhões, dos quais 65% são gastos com salários, 13% com administração e 2% em investimentos. – Vamos continuar trabalhando a questão dos recursos da Casa, que vem diminuindo seu impacto financeiro para os gaúchos – prometeu Villaverde. O caçula José Antonio Júnior Frozza Paladini, o Catarina, é o mais jovem da legislatura. O apelido ainda gera confusão. Ontem, ele foi anunciado como “deputada Catarina”. Aos 28 anos, nascido em São Miguel do Oeste (SC), construiu a carreira em Pelotas, no bairro Fragata, onde criou um programa que atende a mais de 400 crianças. Dos 32.035 votos obtidos, quase 16 mil foram depositados por moradores do Fragata. Promete se empenhar pela juventude, pelo combate às drogas e pelo desenvolvimento da Metade Sul. A campeã de votos A mulher do deputado federal Vilson Covatti (PP) começa o segundo mandato como a mais votada. Credenciada por 85.604 votos, Silvana, 47 anos, só não conquistou algum eleitor em quatro municípios. Mãe de três filhos, quer continuar se dedicando ao tripé saúde, pequena agricultura e valores da família. Na primeira eleição, Silvana diz que teve por “professor” o marido. Agora, atribui a votação ao próprio desempenho. Ressalta que esteve sempre perto do povo, porque as pessoas gostam de ser ouvidas e conversar. O veterano Filho de pequenos agricultores de Sobradinho, Adolfo Brito (PP), 60 anos, é o mais velho deputado a chegar à marca de cinco mandatos. No primeiro, amealhou 28 mil votos. Agora, fez mais de 48 mil. Adolfo Brito anuncia que usará a experiência para continuar se dedicando à região Centro-serra, que vai de Rio Pardo-Santa Cruz do Sul até Sobradinho-Soledade. Observa que esta faixa “custou a pegar o ritmo de desenvolvimento”, ainda precisa de estradas asfaltadas, pontes e energia.
A face do governo A psicóloga de 54 anos é a líder do governo. Miriam Marroni pretende usar a sensibilidade feminina para consolidar um relacionamento “baseado no respeito e no diálogo” com os parlamentares aliados e da oposição. Também servidora pública federal e sindicalista, assume com a disposição de “respeitar a história política” de cada deputado. Casada com Fernando Marroni, suplente de deputado que assume a vaga deixada por Maria do Rosário (hoje ministra), tem duas filhas e uma neta. A cara da oposição Aos 45 anos, chegando ao terceiro mandato com mais de 67 mil votos, Edson Brum deve se destacar como um dos mais renhidos adversários de Tarso Genro. Casado, dois filhos, lojista em Rio Pardo e formado em Ciências Sociais, diz que adotará uma postura “forte mas respeitosa”, sem ser xiita. Pretende cobrar as promessas e os recursos que seriam facilitados pelo governo federal. “Se for em benefício do Rio Grande, vamos votar a favor”, é o lema de Brum, que entrou na política influenciado por familiares.
A bancada de um homem só No primeiro mandato que exerceu, o jornalista de 45 anos, dispunha de mais dois colegas para defender os interesses de seu partido. Agora, amparado por mais de 36 mil votos, Paulo Borges é o único representante do DEM. Casado, dois filhos, acredita que terá de “se virar por três”, assumindo mais responsabilidades por concentrar as demandas da legenda. Além do DEM, PC do B e PRB também contam com um só deputado, algo que já ocorria na legislatura que se encerrou ontem.
(Fonte: Zero Hora)
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