Zonas de sombra
09/09/2010
Quanto mais se desenrola o novelo da investigação envolvendo espionagem no Palácio Piratini, multiplicam-se as perguntas ainda sem resposta e a convicção de que o Ministério Público ainda levará algum tempo para encaixar todas as peças do quebra-cabeça. Do que se conhece até agora, vem a certeza de que fatos muito graves ocorreram nos subterrâneos do Piratini e que o sargento César Rodrigues de Carvalho sabe mais do que revelou até agora. A primeira pergunta que não teve resposta adequada é: quem deu poder ao sargento? Quem liberou para ele a poderosa senha que dá acesso a áreas restritas do sistema Consultas Integradas e que lhe permitia saber quem estava sendo investigado? O sargento diz que foi a Secretaria da Segurança, a pedido da Casa Militar.
Da prisão, o sargento reafirmou ao repórter Renato Gava o que seu advogado dissera na véspera: que obedecia a ordens. Ordens de quem? Do ex-chefe de Gabinete Ricardo Lied, do chefe da Casa Militar, coronel Quevedo, e do ex-coordenador do gabinete de Segurança Institucional coronel Frederico Bretschneider Filho. E mais: que compartilhava a senha. Mais duas perguntas à espera de resposta definitiva: Quem mais usou a senha dele? Quem vasculhou a vida dos adversários do governo?
Outro mistério: de acordo com a investigação do Ministério Público, o sargento arrecadaria até R$ 40 mil por mês extorquindo contraventores, mas mora numa casa simples e inconclusa e não apresenta os chamados “sinais exteriores de riqueza”. A suspeita é de que o dinheiro pode ter ido para partidos políticos. Quais partidos? Por meio de quem? Há provas?
No pedido de prisão preventiva entregue pelo Ministério Público à Justiça, há o relato de que duas assessoras da governadora Yeda Crusius enviaram o sargento Rodrigues para um encontro com um oficial da Brigada Militar e com um juiz militar. Com um detalhe curioso: Rodrigues teria sido orientado a levar equipamentos para gravar o encontro. Fontes ligadas à investigação garantem que o oficial visado seria o coronel Frederico, e que o juiz seria o coronel Paulo Mendes. Com que finalidade? Eis aí outro mistério que o Ministério Público Estadual está tentando desvendar.
(Fonte: Zero Hora de 09.09.2010 - Rosane de Oliveira)
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