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Servidores prometem reagir a corte

17/06/2010

Grupo de 66 funcionários do Tribunal de Contas planeja recorrer contra decisão que estabelece limite de R$ 26.723 para salários



Tão logo o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro João Osório, determinou o corte dos supersalários a partir de julho – o que ocorreu ontem à tarde –, os 66 servidores atingidos pela medida já começaram a articular uma resposta ao ato administrativo. Para reverter a diminuição de seus vencimentos, eles pretendem atuar em duas frentes, com recursos na Justiça e na própria Corte.

Ao tomar posse em dezembro passado, João Osório já prometia cortar os vencimentos acima do teto de R$ 26.723,13, mesmo salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). No início do mês, ele recebeu uma carta anônima com ameaças em razão do combate aos altos salários na Corte. Diante da resistência à decisão nos corredores da Casa, o conselheiro tem se mantido distante da imprensa e da exposição pública.

Os 24 servidores ativos e 42 inativos que ganham mais do que o teto recebem, somados, mais de R$ 2 milhões por mês. O TCE projeta com a medida uma economia de R$ 3,7 milhões ao ano. Estão excluídas do corte vantagens de cunho indenizatório – como diárias e abono permanência. Atualmente, a Casa tem 1.254 funcionários, incluindo os inativos.

Na segunda-feira, a Associação dos Servidores e o Centro dos Auditores Públicos Externos tinham aprovado moção de apoio ao corte. Zero Hora conversou ontem com dois servidores do TCE – uma aposentada e outro funcionário em atividade – que recebem acima do teto. Segundo eles, o grupo tomará uma decisão em conjunto até o fim de semana. Ambos, que pediram para não serem identificados, criticaram a decisão do presidente da Casa.

– Nenhum de nós pegou a caneta e deu uma determinação. São vantagens adquiridas ao longo de muitos anos. Tudo isso decorre de lei votada pela Assembleia e sancionada pelo governador – afirma o servidor, que tem 35 anos de serviço público e já atuou como diretor do tribunal.

Já a servidora aposentada indaga:

– Eu me comprometi financeiramente. Tenho irmãos e sobrinhos que ajudo, um menino que estou pagando um curso. O que eu faço com todo esse povo?

Em meio às discussões sobre supersalários, retomadas em 2007 com a decisão da governadora Yeda Crusius de cortar os vencimentos acima do teto estadual no Executivo, o TCE havia decidido por garantir a “irredutibilidade de vencimentos” e congelar as remunerações acima desse limite.

Um pente-fino do Tribunal de Contas identificou 98 supersalários no Estado– 66 na própria Casa. Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Justiça e Tribunal de Justiça Militar têm mais 32 servidores com vencimentos acima do limite de R$ 26.723,13.

A polêmica dos altos salários
OS TETOS
- Apesar de uma emenda à Constituição Estadual fixar o mesmo teto nos três poderes e órgãos do Estado – atualmente de R$ 24.117,62 –, somente Executivo e Legislativo consideram esse valor como limite.
- No Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado, a interpretação é de que o teto é de R$ 26.723,13, mesmo salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
AS MEDIDAS EM CADA PODER EXECUTIVO
- Informa que corta vencimentos acima do teto desde 2007. Atualmente, 122 servidores estão impedidos de receber um centavo a mais sequer.
- 36 funcionários moveram 27 ações contra o Executivo na Justiça. Segundo a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), o governo segue passando a tesoura amparado por liminar. Até ontem, nenhum servidor conseguiu uma reversão definitiva.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
- A Assembleia chegou a cortar, em maio do ano passado, 41 supersalários que ultrapassavam o limite estadual – mas o Tribunal de Justiça ordenou a retomada dos pagamentos seis meses depois.
- A Procuradoria-geral da Casa diz que entrou com recurso no Supremo para cassar a decisão do Judiciário gaúcho.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
- O presidente do TCE, João Osório, determinou ontem o corte de 66 supersalários a partir da folha de pagamento de julho.
JUDICIÁRIO E MINISTÉRIO PÚBLICO
- Pagam supersalários a 17 servidores – 5 no Tribunal de Justiça, 3 no Tribunal de Justiça Militar e 9 no MP. Eles adotam a tese do congelamento dos salários acima do teto da magistratura.
Nº DE SERVIDORES TOTAL PAGO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Veja quantos servidores receberam acima de R$ 24 mil nos poderes e órgãos do Estado no mês de abril:*
Ativos 17 420.517,74
Inativos 38 1.014.770,20
MINISTÉRIO PÚBLICO
Ativos 108 2.682.296,09
Inativos 128 3.142.647,85
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Ativos 62 1.713.706,59
Inativos 83 2.346.119,89
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ativos 127 3.079.717,10
Inativos 161 3.905.747,02
TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR
Ativos 7 176.376,09
Inativos 13 334.824,59
TOTAL 744 18.816.723,16
Fonte: Fonte: Auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) *Dados do Executivo ainda estão em análise EM REAIS
(Fonte: Zero Hora)

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