TCE promete cortar seus próprios supersalários
15/06/2010
João Osório, presidente do órgão,
encomendou análise jurídica e anunciará medida nos próximos diasUm dos órgãos gaúchos que mais concentram altas
remunerações, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) deve anunciar nos
próximos dias o corte dos supersalários na Casa. A exemplo do Executivo e
da Assembleia, a medida tende a desencadear ações na Justiça.
O
presidente do TCE, conselheiro João Osório, encomendou à área jurídica
do tribunal dois estudos: passar a tesoura nos vencimentos dos
conselheiros acima de R$ 26.723,13 – mesma remuneração de um ministro do
Supremo Tribunal Federal –, e cortar os salários dos servidores que
ultrapassam o teto estadual de R$ 24.117,62.
Osório promete
divulgar sua decisão assim que o grupo de sete auditores encerrar a
varredura nas folhas de pagamento do Executivo. Há duas semanas, João
Osório recebeu uma carta anônima com ameaças a sua integridade por
combater altos salários no tribunal. O caso é investigado pela Polícia
Federal.
O pente-fino do tribunal, divulgado na semana passada,
informa o salário dos servidores somente por faixas de remuneração.
Segundo o diretor de Controle e Fiscalização do tribunal, Victor
Hoffmeister, a auditoria ainda não identificou quantos deles estão acima
do teto gaúcho. No levantamento, só é possível saber que 145
funcionários ganham vencimentos superiores a R$ 24 mil. Por mês, eles
recebem juntos mais de R$ 4 milhões. Incluindo Assembleia Legislativa,
Ministério Público, Tribunal de Justiça e Tribunal de Justiça Militar,
são 744 servidores e R$ 18,8 milhões pagos todos os meses.
Atualmente,
o Tribunal de Contas adota o teto de R$ 26.723,13. Em meio às
discussões sobre supersalários, retomadas em 2007 com a decisão do
Executivo de cortar os vencimentos acima do teto estadual, o TCE decidiu
em 2008 por garantir a “irredutibilidade de vencimentos” e congelar as
remunerações acima do teto. Dos 98 supersalários do Estado, 66 pertencem
à folha do tribunal. É também de um servidor aposentado do TCE o maior
salário do serviço público gaúcho: R$ 38.346,02.
Depois de muito
bate-boca, a Associação dos Servidores e o Centro dos Auditores Públicos
Externos do TCE acabaram aprovando, na noite de ontem, moção em favor
da aplicação do teto. Em protesto encaminhado à associação, 99
servidores tentaram impedir que a assembleia extraordinária discutisse o
corte dos salários. Eles questionaram o fato de o evento não ter sido
realizado 15 dias depois da convocação, como prevê o estatuto.
–
Estou ganhando acima de R$ 26 mil, por merecer. Não roubei – afirmou uma
servidora que pediu para não ter o nome divulgado.
Para a
presidente da associação, Lígia Zamin, “a imagem dos próprios servidores
precisa ser melhorada”:
– Isso (supersalários) atrapalha o
desenvolvimento da política salarial.
aline.mendes@zerohora.com.br ALINE MENDESInterpretações | OS TETOS | - Apesar de uma emenda à Constituição Estadual
fixar o mesmo teto nos três poderes e órgãos do Estado – atualmente de
R$ 24.117,62 –, somente Executivo e Legislativo consideram esse valor
como limite. | - No Poder
Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado (TCE), a
interpretação é de que o teto é de R$ 26.723,13, mesmo salário de um
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). | AS MEDIDAS | - O Executivo diz que corta vencimentos acima do
teto desde 2007. Atualmente, 122 servidores estão impedidos de receber
um centavo a mais sequer. Conforme a Procuradoria-Geral do Estado (PGE),
de todas as ações judiciais impetradas contra o corte de salários,
nenhum servidor conseguiu uma reversão definitiva. | - A Assembleia chegou a passar a tesoura em 41
salários que ultrapassavam o limite em maio do ano passado, mas o
Judiciário ordenou a retomada dos pagamentos seis meses depois. O
Legislativo informa que recorreu da decisão. |
(Fonte: Zero Hora)
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