Bendita trasparência
10/06/2010
Os dados divulgados ontem pelo Tribunal de Contas sobre a remuneração
de servidores ativos e inativos do próprio TCE, do Tribunal de Justiça,
do Ministério Público e da Assembleia Legislativa têm o mérito de jogar
luz sobre os gastos com salários na administração pública. O
contribuinte, que paga impostos, tem o direito de saber o que é feito do
seu dinheiro e, principalmente, quantos privilegiados estão ganhando
acima do teto previsto na Constituição.
Para ser completo, o
estudo deveria mostrar como é possível um aposentado da Assembleia
chegar à remuneração bruta de R$ 37.548,35, ou de o TCE pagar R$
38.346,02 para um inativo. Seria interessante mostrar como se forma uma
remuneração de R$ 30.316,08, a mais alta paga a um inativo do Tribunal
de Justiça, ou de R$ 30.672,09 para uma pessoa em atividade no
Ministério Público. Nesses valores não estão computadas as parcelas
eventuais pagas por conta de benefícios como a interminável – e
questionável – diferença da URV, a chamada Parcela de Equivalência
Salarial, nome técnico da compensação pelo auxílio-moradia pago a
deputados, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.
Embora não
traga nomes, nem cargos, e não especifique quanto se pagou,
individualmente, de URV e auxílio-moradia, o pente-fino do Tribunal de
Contas dá pistas interessantes. Com “diferença da URV”, por exemplo, o
Ministério Público gastou, em abril, R$ 1,5 milhão. No Tribunal de
Justiça, a URV significou, no mesmo mês, R$ 6,5 milhões para ativos e
inativos.
O levantamento mostra que o auxílio-moradia (PAE no
contracheque) pago a 451 ativos e a 345 inativos do Tribunal de Justiça
custou ao contribuinte R$ 4,9 milhões em um mês. O Ministério Público
aprovou o pagamento da “PAE”, mas diz que não quitará o débito tão cedo
porque não tem dinheiro para isso.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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