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744 servidores do Estado ganham mais de R$ 24 mil

10/06/2010

Somados, salários dos funcionários que superam o teto do Executivo totalizam R$ 18,8 milhões por mês



O pente-fino realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) nas folhas de pagamento de Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça Militar e no próprio TCE mostra que 98 servidores ganham mais do que R$ 26.723,13, salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Em abril, 744 funcionários receberam acima da faixa de R$ 24 mil. Os salários brutos desses servidores somaram R$ 18,8 milhões, sem contar os pagamentos eventuais como diferenças com a URV e compensação do auxílio-moradia.

Apesar de uma emenda à Constituição fixar o mesmo teto para os três poderes e órgãos – hoje R$ 24,117,62 –, somente o Executivo corta os vencimentos que ultrapassam esse valor. Atualmente, os 122 servidores que estão no limite do teto estadual não podem receber um centavo a mais – ainda que tenham direito a outras vantagens.

Em vez de cortar, MP, TJ e TCE adotam a tese do congelamento dos salários acima do teto da magistratura. A Assembleia chegou a cortar supersalários em maio do ano passado, mas em outubro o Judiciário mandou o Legislativo voltar a pagar os valores.

A varredura do TCE nas cerca de 280 mil matrículas do Executivo, que ficou para trás, deve ser divulgada em uma semana.

Busca por irregularidades será a próxima etapa

Os 27 auditores que se debruçaram sobre as folhas de pagamento dos outros poderes adotaram como critério a divulgação dos dados em duas partes. Na primeira, constam faixas de remuneração, total de servidores, valores recebidos e percentuais – aquilo que normalmente o servidor recebe.

Não é possível identificar, por exemplo, quanto se pagou a cada um dos servidores em vantagens como férias, URV e auxílio-moradia, cujos totais por poder ou órgão são informados em outra tabela.

– Se colocássemos tudo num único bolo, poderia aparecer alguém com vencimento muito alto. Mas foi somente naquele mês que ele recebeu – explicou o auditor Victor Hoffmeister.

Somente em maio, 6 mil servidores do TJ receberam R$ 6,5 milhões em perdas com a URV. Com relação à parcela extra derivada de auxílio-moradia, 796 funcionários do TJ ganharam um plus total de R$ 4,9 milhões.

O próximo passo da equipe de auditores será verificar eventuais irregularidades: se existem mais servidores do que cargos disponíveis, se um determinado funcionário tem mais vantagens do que o tempo de serviço admite, desvios de função, além da prática do nepotismo. Nesta mesma fase, um relatório será produzido. Como qualquer processo de inspeção especial, o documento será encaminhado ao relator, que intimará responsáveis no caso de irregularidades. Depois, seguirá para julgamento.


(Fonte: Zero Hora)

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