Sentença reacende antiga rixa política do Estado
01/06/2010
Empresa recorreu da decisão de primeira
instância que a condena a indenizar os cofres estaduaisUma sentença judicial voltou a acender a polêmica
em torno do episódio do anúncio e da perda da montadora da Ford no Rio
Grande do Sul. Em decisão de primeira instância, a empresa foi condenada
a indenizar o Estado em R$ 130 milhões em valores da época, que podem
alcançar R$ 1,4 bilhão com a atualização e os juros devidos ao longo de
12 anos.
Datada de 15 de dezembro do ano passado, a decisão só se
tornou pública ontem, ao ser divulgada pelo jornal eletrônico Sul 21,
que tem como editora-chefe a jornalista Vera Spolidoro, com longa
atuação como assessora de imprensa do pré-candidato do PT ao governo do
Estado, Tarso Genro. No site do Tribunal de Justiça do Estado, está
disponível, mediante busca pelo número do processo ou nome de parte, o
completo teor da sentença da juíza Lílian Siman. O documento tem 28
páginas e várias menções às perícias que fundamentam a decisão.
Também
consta a mais recente movimentação do processo, uma apelação da Ford
que deverá ser encaminhada a uma das turmas do TJ, formadas por três
desembargadores. Uma fonte que acompanha o processo prevê que o caso só
deverá ter uma decisão sem possibilidade de recurso no final de 2011.
Iniciada
pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) em fevereiro de 2000, a ação
levou 10 anos para receber apenas a primeira sentença. Ao afirmar que o
rompimento entre governo do Estado e Ford se deu por “inadimplemento
contratual da ré (a montadora)”, a juíza Lílian Siman compromete um dos
discursos mais duros contra o governo petista de Olívio Dutra, acusado
por opositores de ter mandado a Ford embora.
Decisão
constrange núcleo do governo Yeda
Embora acene com uma
receita correspondente a cerca de um mês de arrecadação de ICMS, por
estimativas de atualização feitas com instrumentos de mercado, a decisão
constrange o atual governo, que tem como titulares das secretarias da
Fazenda, Ricardo Englert, e do Desenvolvimento, Josué Barbosa, dois
negociadores do acordo com a Ford em 1997. Ambos eram da equipe técnica
comandada pelos então secretários Cézar Busatto e Nelson Proença.
Na
origem da controvérsia, está a recusa do governo do Estado de
desembolsar a segunda parcela de financiamento previsto para a Ford.
Conforme a defesa da Ford apresentada no processo e citada na sentença,
“o novo governante, desde o início, não se mostrou favorável ao projeto
(...) imbuído de divergências políticas de seu representante”. Em nome
do Estado, a ação da PGE sustenta que a liberação foi suspensa por
inconsistência na prestação de contas.
A origem
da pendência | - Em 1997, a
Ford confirma a intenção de desenvolver no Estado o projeto Amazon, que
previa a fabricação de novo modelo de carro. | - Em 15 de dezembro de 1997, a montadora anuncia a
escolha de Guaíba para receber a montadora. | - Em 21 de março de 1998, o governo Britto assina
contrato se comprometendo a dar à Ford incentivos extraordinários, como
financiamento direto sem juro nem correção monetária, realização de
obras de infraestrutura e isenção de pagamento de ICMS. | - Em 22 de março de 1999, menos de três meses
depois da troca de governo, Olívio Dutra confirma a suspensão dos
repasses para Ford e General Motors, que na época preparava a instalação
do complexo de Gravataí, hoje às vésperas da duplicação. | - Em 29 de abril de 1999, a Ford anuncia que
desistiu do projeto no Rio Grande do Sul. | - Em junho de 1999, a montadora anuncia a decisão
de se instalar na Bahia. |
(Fonte: Zero Hora)
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