O entrave tributário
26/05/2010
Sabatinados pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI), em Brasília, pré-candidatos à Presidência da República
criticaram ontem o excesso de impostos no país, chamando a atenção para a
necessidade de uma reforma tributária. A manifestação é promissora, por
envolver os três nomes mais citados por eleitores ouvidos nas pesquisas
de opinião – Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV)
–, diante de líderes industriais do país. Ainda assim, incomoda pela
repetição, já que, em maior ou menor grau, praticamente todos os
pretendentes ao Palácio do Planalto já se comprometeram em mudar a
política de impostos no país. Até agora, nenhum dos eleitos conseguiu
levar a pretensão adiante.
O questionamento coincidiu com a
programação do Dia da Liberdade de Impostos, que em diferentes Estados
brasileiros procurou chamar a atenção para a excessiva carga tributária.
Calculada oficialmente em 34,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano
passado, a fatia de impostos cobrada dos brasileiros é inferior à de
muitos países europeus, nos quais o poder público vinha se empenhando
até a eclosão da crise global em garantir serviços de qualidade. Ainda
assim, supera de longe a proporção de 24% nos Estados Unidos e de 18% no
Japão, mas sem equivalência com a oferta de serviços públicos de
qualidade.
A questão é que não basta os pré-candidatos se
comprometerem em levar adiante uma reforma tributária se, uma vez
eleitos, tendem a demonstrar pouca disposição para enfrentar reações
contrárias, que incluem desde sua própria base de sustentação até
governadores. Se o assunto é polêmico, é preciso que se comprometam a,
uma vez eleitos, promoverem a reforma logo no início do mandato, quando
costumam contar com mais apoio popular.
A sociedade pode
contribuir sob esse aspecto a partir de iniciativas como a data lembrada
ontem. Quanto mais consciente se mostrar em relação ao excesso de
tributos, menos a população se mostrará disposta a suportar uma carga
tão grande de impostos, que limita o consumo e cerceia a produção.
(Fonte: Zero Hora)
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