O custo da máquina
24/05/2010
A revelação é surpreendente: embora os servidores
públicos representem uma parcela relativamente pequena das vagas de
trabalho no país, entre 11% e 12% do total de emprego, a mão de obra
governamental é cara, tem um custo acima do que gastam países
desenvolvidos. Estas conclusões integram o relatório Avaliação da Gestão
de Recursos Humanos no Governo, feita pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organismo multilateral
integrado por 31 nações consideradas desenvolvidas ou com alta renda
média. Pelo diagnóstico apresentado no estudo, atualmente 28% dos custos
salariais da economia brasileira são pagos aos servidores públicos.
Os
dados revelam, primeiro, a importância que os estamentos de servidores
públicos conquistaram no Brasil, a ponto de adquirirem salarialmente um
peso que representa mais que o dobro de sua percentagem no conjunto dos
trabalhadores. Há várias questões em causa nessas informações. A
primeira é saber se os gastos com as folhas de servidores – que eram de
R$ 71 bilhões anuais em 2002 e que em 2010 chegarão a R$ 168 bilhões –
correspondem a uma qualificação nos serviços ou na ampliação
quantitativa equivalente. A segunda é saber se esse esforço do
contribuinte se traduz numa diminuição das desigualdades no âmbito do
próprio funcionalismo. E a terceira, suscitada pelo relatório da OCDE, é
a de ver se a realidade brasileira comporta uma distorção tão evidente
em relação à prática salarial de países como os europeus ou da América
do Norte, comparando-se gastos públicos e qualidade dos serviços.
Os
cidadãos brasileiros, que conhecem a precariedade das ações
governamentais, têm o direito de esperar que se concretize a conclusão
feita por um alto servidor do Ministério do Planejamento ao interpretar o
relatório da OCDE: o governo passou a pagar bem e, por isso, poderá
exigir que o retorno seja na forma de serviços de melhor qualidade.
(Fonte: Zero Hora)
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