O Tribunal de Contas do Estado (TCE) solicitou ontem à
Assembleia Legislativa a abertura do sistema informatizado da Casa para
que os técnicos do TCE iniciem a auditoria na folha de pagamento do
Parlamento gaúcho. A Corte também começou a atuar no Executivo, dando
continuidade à operação pente-fino nos salários dos Poderes do Estado.
O trabalho já está em andamento no Ministério Público (MP), Tribunal
de Justiça e no próprio TCE. Agora, a equipe de 19 pessoas foi reforçada
com quatro técnicos para cuidar da Assembleia e outros quatro para o
governo, totalizando 27 integrantes.
Segundo o diretor de Controle e Fiscalização do TCE, Victor
Hofmeister, que comanda o grupo, as informações vão para um sistema
informatizado do tribunal, que dará transparência aos gastos e
identificará eventuais irregularidades.
Para Hofmeister, o balanço das atividades de coleta de dados feita
até aqui é positivo. Ele relata que a análise das informações do
Tribunal de Contas, MP e TJ está em estágio avançado. E observa que os
Poderes foram receptivos e não impuseram qualquer óbice à atuação dos
servidores. "Nossa dificuldade é operacional, porque naturalmente são
elementos sigilosos, então, algumas chaves precisam ser franqueadas a
nós", conta.
O diretor de fiscalização do TCE prevê mais contratempos na avaliação
das folhas do Legislativo e Executivo, em decorrência da falta de
aparelhamento adequado, o que torna o processo mais lento e exige a
colaboração de outros agentes.
No caso do governo, a Companhia de Processamento de Dados do Estado
do Rio Grande do Sul (Procergs) será chamada a auxiliar. Mesmo assim, a
perspectiva é de que a finalização do pente-fino no Executivo demore
mais em função das 200 mil matrículas a serem avaliadas.
O diretor de Controle e Fiscalização do TCE ressalta, ainda, que a
atual auditoria é bem mais complexa e detalhada do que as análises
rotineiras, feitas por amostragem.
A operação pente-fino nas folhas de pagamento dos Poderes foi
desencadeada a partir da revelação de problemas no controle da
Assembleia Legislativa, onde servidores receberam salários, vantagens e
adicionais indevidos por anos, totalizando um prejuízo estimado em R$
2,2 milhões.
O chefe das equipes de Auditoria Municipal e Estadual do TCE, Cláudio
Chagas, aponta que o Parlamento gaúcho detectou o problema com o
auxílio do TCE e está mudando para o sistema de gestão de pessoal que o
Estado adotou. "Vamos passar a monitorar as operações com pessoal quase
de maneira online", projeta Chagas.
A identificação de servidores que
recebem acima do teto salarial no Estado não é prioridade da equipe.
Hofmeister diz que o tema está sendo tratado pelo presidente do
Tribunal de Contas, conselheiro João Osório. "O TCE já tem decisões
sobre esse tema, o Tribunal de Justiça também. Parece-me que, se houver
alguma decisão sobre o teto salarial, será independente dessas
auditorias", afirmou.