A meritocracia reabilitada
17/05/2010
Até recentemente mais familiar entre administradores do PSDB, o termo
meritocracia começa a ser incorporado nesta fase anterior à campanha
também por candidatos do PT, ainda que com a preocupação de não dar
margem a confrontos com corporações. A ex-ministra Dilma Rousseff,
pré-candidata à Presidência da República, adotou o discurso da gestão
eficiente, defendendo maior profissionalismo e Estado mais
meritocrático. Tudo isso depois que, discretamente, no último mês de
março, o governo federal implantou por decreto a avaliação de desempenho
entre servidores da União, assumindo um posicionamento mais associado à
oposição. Divergências à parte, o importante é que a discussão avance e
que as providências possam evoluir na prática, com ganhos para os
servidores e para a sociedade de maneira geral. Num sistema com
ênfase à meritocracia, os servidores são admitidos por concurso público e
a ascensão na carreira ocorre por meio da definição de metas, cujo
alcance é levado em conta para a aferição da eficácia do serviço
prestado. Obviamente, esta é uma questão que determina uma atenção
especial às peculiaridades das condições de trabalho enfrentadas por
diferentes categorias. Da mesma forma, é preciso ter em conta que a
fixação de metas, por si só, não significa garantia de eficiência. A
definição de objetivos pouco desafiadores pode até mesmo acabar servindo
de desalento para funcionários que tendem a perder o entusiasmo com os
objetivos definidos se eles forem atingidos com muita facilidade. A
simples discussão sobre o tema, porém, num país em que os trabalhadores
do poder público costumam ter pouco retorno sobre seu desempenho e
pouco estímulo para avançar na carreira, já reforça uma expectativa de
que algo pode mudar no setor público. E, o que é mais importante, em
benefício dos servidores e dos beneficiários do serviço público,
constituídos pela maior parte da sociedade. Independentemente de
quem venha a proposta, a admissão e a ascensão profissional por méritos,
de sucesso comprovado no setor privado, precisam ser estimuladas no
serviço público como caminho para melhorar a qualidade e ampliar a
eficiência. É compreensível que candidatos em campanha se preocupem em
não descontentar categorias influentes de servidores, algumas das quais
se opõem à ideia simplesmente pelo temor de perder privilégios.
Candidatos, porém, precisam levar em conta não os interesses de
segmentos específicos, mas sim os do conjunto da sociedade, que tende a
sair beneficiado com uma política destinada a premiar funcionários
motivados, preocupados em se qualificar cada vez mais para prestar
melhores serviços e perceber uma remuneração mais adequada.
(Fonte: Editorial - Zero Hora)
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