Assédio moral no trabalho gera campanha
26/04/2010
O assédio moral no trabalho constitui um fenômeno internacional e,
segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), as perspectivas são sombrias para os próximos 20 anos: serão as
décadas do "mal-estar da globalização", onde predominarão depressões,
angustias e outros danos psíquicos relacionados com as novas políticas
de gestão na organização do trabalho.
No Estado, o aumento de casos de assédio moral provocou uma campanha de
esclarecimento e estímulo a denúncias desse tipo de violência
psicológica pelo Ministério Público do Trabalho/RS (4 Região).
Coordenada pela procuradora do Trabalho do Núcleo de Proteção à
Dignidade do Trabalhador, Márcia Medeiros de Farias, a ideia é munir o
empregado de informações sobre o que é o assédio, como combatê-lo e o
que fazer para denunciá-lo.
"O aumento de casos de assédio moral no trabalho é assustador. Além da
pressão por resultados, com milhares de pessoas para ocupar uma vaga, o
trabalhador está se apoderando de seus direitos de cidadão e fazendo-os
valer", enfatiza a procuradora. Somente nos últimos 12 meses,
ingressaram mais de 500 denúncias no MPT/4 Região.
Márcia explica que o núcleo trabalha com ações civis públicas coletivas.
A parte mais difícil é caracterizar o assédio moral, pois é necessário
ter testemunhas. "O medo de perder o emprego, ou de que a pessoa passe a
ser assediada pelo chefe ou superior, faz com que um colega não ajude o
outro", lamenta. "E no poder Judiciário existe uma corrente que pensa
que assédio moral virou moda, o que torna mais difícil provar essa
violência que afeta diretamente a autoestima e a dignidade da pessoa
atingida", ressalta.
Por isto, quando uma empresa não cumpre um termo de acordo de conduta
(TAC), a multa se torna educativa: campanhas externas custeadas pela
infratora, que também precisa mudar a rotina de trabalho, realizar
palestras e até oferecer atendimento psiquiátrico e psicológico para
todos os trabalhadores.
O assédio moral é a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e
constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de
trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas
negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais
chefes, dirigidas a um ou mais subordinados. Isto desestabiliza a
relação da vítima com o ambiente de trabalho.
A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do
trabalhador de modo direto, comprometendo suas identidade, dignidade e
relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e
mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, o desemprego,
ou até mesmo a morte.
Vítima é hostilizada e desacreditada
A procuradora Márcia Medeiros de
Farias afirma que normalmente a vítima de assédio moral é isolada do
grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada,
culpabilizada e desacreditada diante dos colegas. Estes, por medo do
desemprego e pela vergonha de serem também humilhados, além do estímulo
constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima,
instaurando o "pacto da tolerância e do silêncio".
Como ocorre o assédio moral?
Pode ocorrer por meio de gritos,
insultos, palavrões, atitudes, ofensas, ironias e exclusão.
Exemplos
de frases discriminatórias frequentemente utilizadas pelo agressor:
Você
não consegue aprender! Até uma criança faz isso!
É melhor você
desistir! É muito difícil e isso é pra quem tem garra! Não é para gente
como você!
Não quer trabalhar, fique em casa!
Lugar de
doente é em casa!
Se você não quer trabalhar, por que não dá o
lugar pra outro?
Escolha: ou trabalho ou vai tomar conta do
filho!
Ou você trabalha ou você vai a médico. É pegar ou largar.
Ela faz confusão com tudo! É muito encrenqueira! É histérica! É
malcasada! Não dormiu bem! É falta de ferro!
Fonte:
www.assediomoral.org
O QUE O TRABALHADOR VÍTIMA DE ASSÉDIO DEVE
FAZER? Anotar com detalhes (hora, data, local ou setor, nome do
agressor, colegas que testemunharam, conteúdo da conversa) ou gravar.
Dar
visibilidade à agressão, procurando ajuda dos colegas, principalmente
aqueles que presenciaram o fato ou já o sofreram.
Evitar
conversas com o agressor sem testemunhas.
Procurar superiores da
empresa, relatar o que está acontecendo e pedir providências.
Procurar
seu sindicato e relatar o acontecido para diretores, advogados ou
médicos do sindicato; para o Ministério Público do Trabalho; para a
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. n Buscar apoio de
familiares, amigos e colegas, pois o afeto é fundamental nessas
situações de violência moral.
Fonte: www.assediomoral.org
(Fonte: Correio do Povo)
|
|