Piratini retoma precatórios em maio
23/04/2010
Governo estadual pretende reservar R$ 280 milhões até o
final do ano para saldar débitos que já chegam a R$ 5,3 bilhõesSuspenso desde o fim do ano passado, o pagamento
de precatórios deverá ser retomado pelo governo Yeda Crusius no próximo
mês. Até o final de 2010, deverão ser reservados R$ 280 milhões a fim de
saldar parte das galopantes dívidas com pagamento ordenado pela
Justiça.
O acúmulo de débitos, porém, ainda estará longe de ter
fim: esse montante representa apenas 5% do que é devido aos credores.
Durante uma década, até o ano passado, o Estado deixou os precatórios se
acumularem de maneira exponencial.
Mantido o ritmo atual de
quitações, o governo precisará de duas décadas somente para eliminar o
estoque. A maior esperança de quem lida com o problema é pelo menos
reverter a tendência de crescimento.
– Os precatórios que
ingressam agora são mais ou menos equivalentes ao valor que vamos pagar.
Por isso, esperamos estabilizar a situação para que, se a economia e a
arrecadação crescerem, consigamos reduzir o montante da dívida – afirma o
diretor do Tesouro, José Parode.
No ano passado, o Estado
desembolsou R$ 208 milhões para pagar dívidas determinadas pela Justiça.
Este ano, a expectativa é chegar a R$ 280 milhões. O aumento se deve à
mudança na forma dos pagamentos. Em dezembro, uma emenda constitucional
previu a possibilidade de o governo depositar mensalmente 1,5% de sua
receita corrente líquida para saldar precatórios e evitar os riscos de
uma intervenção federal.
– Deveremos ser um dos primeiros Estados
a se adequar às novas normas – diz o procurador-geral do Estado em
exercício, José Kliemann.
A mudança na legislação suspendeu
temporariamente os pagamentos porque o Estado precisou se adaptar.
–
Estamos terminando de organizar a lista única e nos preparando para
operar a nova forma de lidar com os precatórios – afirma o coordenador
da Central de Conciliação de Precatórios do Tribunal de Justiça, Cláudio
Martinewski.
R$ 65 milhões já estão reservados em conta
Até
o ano passado, havia listas dispersas. A ordem de pagamento seguia o
critério cronológico e era encaminhada por meio de sessões de
conciliação entre governo e credores, a fim de reduzir o valor devido.
Como a nova lista ainda não está concluída, não há informação precisa
sobre o número de processos envolvidos. Apesar disso, Martinewski
acredita que os pagamentos devem recomeçar em maio, com prioridade para
os idosos e doentes graves.
Os demais deverão começar a receber
entre junho e julho. O Estado já tem R$ 65 milhões depositados em contas
administradas pelo TJ referentes aos repasses de janeiro a março – em
mais uma tentativa de parar a bola de neve dos precatórios. Valor
acumulado | Estoque
da dívida | 2006 R$ 2,9 bilhões | 2008 R$ 4 bilhões | 2010 R$ 5,3 bilhões | Perfil dos pagamentos | Valores até R$ 61,2 mil – 80% dos precatórios. | Valores acima de R$ 61,2 mil – 20% dos
precatórios. |
Novas regras | A ORIGEM DO DINHEIRO | Entenda como deverá funcionar o
sistema de pagamento de precatórios | Mensalmente, de acordo com uma emenda
constitucional aprovada em dezembro, o Estado é obrigado a destinar 1,5%
da receita corrente líquida ao pagamento de dívidas judiciais. O
dinheiro – que de janeiro a março somou R$ 65,6 milhões – é dividido
entre duas “filas” diferentes de credores. Cada uma recebe 50% do
montante. São elas: | 1 ORDEM
CRONOLÓGICA | Metade do recurso será
utilizado para pagamento dos precatórios segundo a ordem cronológica –
com preferência aos titulares que tinham 60 anos ou mais na data da
promulgação da emenda constitucional (9 de dezembro de 2009), ou sejam
portadores de doença grave. | Esse
pagamento prioritário, porém, fica limitado a um valor equivalente a 120
salários mínimos – o equivalente, hoje, a R$ 61,2 mil. O valor que
excede esse limite aguarda o pagamento conforme a ordem cronológica do
precatório. Os mais antigos recebem primeiro. | 2 ORDEM DE VALOR | A outra fila para receber o crédito inclui três
possibilidades: conciliação (já utilizada pelo Estado até o final do
ano), leilão (ainda em estudo) ou quitação por ordem crescente de valor,
isto é, as menores dívidas são pagas primeiro, e as maiores, por
último. | Fontes: Tribunal de
Justiça e Tesouro do Estado |
(Fonte: Zero Hora)
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