Operação Barreira Fiscal - Matéria de capa do Plantão Fiscal nº 12
05/03/2010
O Rio é um queijo suíço. Vamos
fechar os acessos.
A frase marcou a divulgação feita pelo governador Sérgio Cabral da
primeira grande ação de impacto do governo na área da fiscalização
tributária: a Operação Barreira Fiscal.
Iniciada no dia 1º de fevereiro e inspirada na bem-sucedida Operação
Lei Seca, a ação tem por meta fechar todos os acessos por terra ao
Estado do Rio de Janeiro para impedir que mercadorias entrem sem pagar
os devidos impostos. Como benefício secundário, o esforço ainda se
propõe a combater a circulação de drogas, armas, mercadorias pirateadas e
o tráfico de animais silvestres.
Comparar as divisas com um queijo esburacado faz todo o sentido,
afinal, a omissão histórica dos governantes fez com que os acessos do
Rio de Janeiro padecessem por décadas de uma quase absoluta ausência do
estado. Praticamente livres do poder público, os sonegadores puderam se
instalar confortavelmente e dar sua parcela de contribuição para o fraco
desempenho da arrecadação tributária fluminense.
Não se pode dizer que se tratava de um segredo de estado. O abandono e
a absoluta carência de recursos humanos e materiais dos postos fiscais
foram objetos de denúncias tanto do Plantão Fiscal quanto da grande
imprensa. A novidade ficou por conta do governo que, rompendo com a
longa tradição de acomodação, resolveu encarar o problema.
Um bom começo
Alguns pontos merecem destaque na revitalização das barreiras. Em
primeiro lugar, foi requisitado um contingente de servidores de
respeito: 123 Fiscais de Rendas e 193 policiais militares atuam com o
apoio de 145 agentes da Secretaria de Estado de Governo e 50 agentes
fazendários. Dada a envergadura da operação, constata-se que a
quantidade de Fiscais de Rendas, apesar de numerosa, ainda se encontra
aquém das reais necessidades do serviço. É fundamental, para o sucesso
de uma operação de caráter permanente, avaliar de forma muito precisa o
contingente de pessoal envolvido para evitar o desgaste e consequente
desmotivação dos servidores.
O segundo ponto de destaque é a participação da Polícia Rodoviária
Federal e da Receita Federal do Brasil que, além dos seus conhecimentos
na repressão às ilegalidades, colocaram à disposição da operação um
scanner digital e um helicóptero. Trata-se de um bom ganho proporcionado
pelo clima de cooperação que hoje impera entre as esferas federal e
estadual. A sugestão a ser feita é que essa cooperação evolua e permita
estender a operação aos outros pontos de entrada de mercadoria no
estado: os portos e aeroportos. A ação conjunta dessas instituições com
foco na entrada de mercadorias pela zona primária certamente será
extremamente proveitosa para todos.
Por fim, podemos dizer que a Operação Barreira Fiscal iniciou-se com o
pé direito por envolver, desde o primeiro momento, os servidores que
têm a experiência e o conhecimento para propor soluções para o problema
da fiscalização de mercadorias em trânsito: os Fiscais de Rendas. Ao
incorporar todo o conhecimento acumulado pela Classe Fiscal, os gestores
da operação certamente economizaram muito tempo e, principalmente,
recursos na montagem do plano de atividades.
No entanto, algumas preocupações...
Alguns pontos, entretanto, comprometem a eficiência da operação
e merecem toda a atenção dos responsáveis. Nota-se que o maior
calcanhar de Aquiles de todo o esforço de fiscalização se situa na
estrutura física dos postos fiscais. A totalidade das barreiras padece,
em maior ou menor grau, de falta de condições para abrigar de forma
ideal o grande contingente de agentes envolvidos nessa empreitada.
Principalmente questões como o alojamento e a alimentação dos servidores
carecem de melhorias urgentes. Afinal de contas, a revitalização da
fiscalização em nossas divisas deve ser acompanhada de investimentos na
construção de instalações que permitam que os servidores deslocados para
tal atividade tenham todas as condições de exercê-la com conforto e
segurança.
Além da melhoria das instalações, a questão das diárias e ajudas de
custo é outro ponto que preocupa a Classe Fiscal. Encerrada a segunda
semana de atividades, carece de definição o pagamento de servidores da
Secretaria de Fazenda que já incorrem em gastos extras nos deslocamentos
de suas residências para a puxada rotina de plantões. O atraso no
pagamento de tais verbas obriga o servidor a agravar ainda mais o já
combalido orçamento da classe.
Avaliação: ajustes são fundamentais
Apesar de todos os contratempos e dificuldades, o comprometimento da
Classe Fiscal com o sucesso da iniciativa arrancou elogios do
subsecretário de governo de Informações e Projetos Especiais e
coordenador-geral da Operação Barreira Fiscal, Reynaldo Braga:
- Desde o primeiro instante percebemos a seriedade e a motivação de
todos. Realmente não mediram esforços. Trabalharam diuturnamente para
que esse projeto se concretizasse.
A Classe Fiscal trabalha com afinco no projeto, pois sabe da sua
relevância para a arrecadação estadual e para o resgate da imagem da
instituição. Para que a excelente primeira impressão perdure,
entretanto, é necessário que os responsáveis continuem ouvindo os
servidores envolvidos no projeto e encaminhem as justas demandas por
eles apresentadas. A celeridade em equacionar os problemas enfrentados
no primeiro capítulo dessa obra é fundamental para que ela caminhe para
um final feliz. Trata-se de um desembolso ínfimo frente ao retorno
financeiro que o resgate da fiscalização das mercadorias em trânsito já
está proporcionando ao estado.
24 horas por dia de fiscalização
As equipes trabalham 24 horas por dia nos postos fiscais que ligam o Rio
de Janeiro ao Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. As atividades
compreendem a abordagem de caminhões para verificar a regularidade
fiscal da carga, inspeção dos produtos e acompanhamento de alguns
veículos até o destino final. Além das barreiras físicas, haverá
barreiras virtuais, com câmeras de monitoramento instaladas em estradas
vicinais. O monitoramento das rotas de fuga se mostra fundamental para
que a fiscalização possa atuar sobre os motoristas que tentem escapar da
inspeção nas rodovias principais.
O foco principal da atuação da operação será o Posto Fiscal de Nhangapi,
na Via Dutra, por concentrar o maior movimento de cargas. É ali que
será utilizado o scanner digital, operado por técnicos da Receita
Federal do Brasil, que permite visualizar o compartimento de carga dos
caminhões sem a necessidade de abri-los.
Todo o processo da operação será monitorado no Centro de Comando e
Controle da operação, de onde os agentes acompanharão a circulação de
caminhões em tempo real, e o trabalho das equipes vai funcionar em
Nhangapi.
Quando a Reforma Tributária vier
Além de proporcionar a recuperação imediata de receitas, a revitalização
das barreiras fiscais se mostra fundamental para preparar a estrutura
da fiscalização para a principal mudança prevista na reforma tributária:
a instituição do princípio do destino para o ICMS. Com essa mudança, o
montante do imposto que grava operações com bens provenientes de outras
unidades da Federação aumentará de forma significativa. Para os estados
com perfil importador, que é o caso do Rio, será virtualmente impossível
conseguir um efetivo controle da arrecadação do ICMS sem contar com
barreiras fiscais bem estruturadas e operacionais. Sendo assim, podemos
afirmar que a operação constitui-se em um promissor primeiro passo para
que a administração tributária fluminense se mostre à altura dos
desafios que as mudanças prometem implantar. Reitere-se, entretanto, a
necessidade de investir na estrutura física dos postos fiscais e no
reforço do quadro de servidores para que o abandono de nossas divisas
vire definitivamente um problema do passado.
Barreiras fiscais – vale a pena lembrar
A precária situação das barreiras fiscais e a falta de segurança dos
servidores foram matérias de destaque de algumas edições do Plantão
Fiscal de 2009.
Na edição nº 6, documentamos a péssima situação da fiscalização de
trânsito com destaque especial para o abandono do posto fiscal de
Nhangapi. A matéria repercutiu de forma positiva na imprensa e mereceu
destaque na edição de 25/01/2009 do jornal “O Globo”.
O estado lastimável do posto fiscal de Levy Gasparian também foi objeto
da edição de 04/04/2009, merecendo destaque na coluna Informe do Dia, de
Fernando Molica, do jornal O Dia.
Dados da operação
5 postos fiscais estratégicos
Nhangapi, na Via Dutra, em Itatiaia
Levy Gasparian - BR 040
Morro do Coco - BR-101/Norte e RJ-230, em Campos
Timbó – BR-356, ES – 404 e RJ-186, em Itaperuna
Angra dos Reis (Pontal) – BR-101 (Rio-Santos) e RJ-155
3 postos fiscais avançados
Jamapará – Entrada de Além Paraíba
Teresópolis – Trevo da Prata – RJ-130 (Rio-Friburgo)
Mato Verde (apoio à Região Norte Fluminense)
6 postos volantes
Irão circular por vias alternativas de acesso ao estado.
FONTE: PLANTÃO FISCAL Nº 12
(Fonte: Site Sinfrerj)
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