Em audiência pública da Comissão de Finanças, Planejamento,
Fiscalização e Controle na manhã desta quinta-feira (25), os
parlamentares presentes consideraram insuficientes as discussões
realizadas até o momento sobre os projetos de lei complementar 300/2009,
301/2009 e 302/2009, que reestruturam carreiras da Secretaria da
Fazenda e dependem apenas de acordo de líderes para irem a votação. “Os
projetos foram bastante mal encaminhados”, disse o presidente da
Comissão de Finanças, deputado Nelson Marchezan Jr. (PSDB), que conduziu
a audiência. “Não passaram pela Comissão de Constituição de Justiça,
nem pela Comissão de Serviços Públicos, e são projetos que, mesmo
positivos, propõem grandes alterações na estrutura administrativa do
Estado”, explicou.
Ainda segundo o parlamentar, para que os projetos sejam apreciados,
o governo poderá enviar à Assembleia um substitutivo ou as bancadas
apresentarão emendas. Ele pondera, no entanto, que pelo fato de já haver
um número elevado de emendas – só o PT apresentou 58 –, a proposta do
substitutivo seja mais viável. “Mas esse substitutivo precisa ser
discutido antes do dia da votação”, alerta. “Já temos um histórico aqui
na Assembleia mostrando que os substitutivos apresentados no dia e na
hora da votação não são bem recebidos, porque os deputados não têm tempo
de analisá-los e formar uma convicção para votar”, alertou Marchezan
Jr.
O diretor-adjunto da Receita Estadual, Paulo Castro, falou sobre as
razões que levaram o governo do Estado a encaminhar os projetos
e apresentou um histórico das discussões sobre o tema, desde projetos
apresentados nos governos Olívio Dutra e Germano Rigotto, até os
questionamentos levantados acerca dos projetos atuais.
Castro afirmou que os projetos foram apresentados na forma de lei
orgânica para que houvesse maior durabilidade e permanência no
ordenamento constitucional e defendeu a necessidade de estruturas
modernas e carreiras especializadas, com atribuições definidas, de
auditor fiscal do Tesouro do Estado (Receita Estadual), auditor de
finanças do Estado (Tesouro) e auditor do Estado (CAGE), para a
implementação dos três eixos de ação do atual governo (ajuste estrutural
das contas públicas, modernização da gestão pública e desenvolvimento
econômico sustentável) e o desempenho das chamadas macrofunções da
Secretaria da Fazenda (administração tributária, administração
financeira e controle interno).
Críticas
O presidente do Sindicato dos Técnicos do Tesouro do Estado do RS
(Afocefe), Elton Niedtied, criticou os projetos, dizendo haver neles uma
série de inconstitucionalidades apontadas pela Procuradoria Geral do
Estado (PGE), além de repercussão financeira pela implementação de
auxílio-moradia, diárias e outros benefícios. Segundo ele, somente
quatro itens dos projetos já incorreriam em ônus de 90 milhões de reais.
“Resta saber se a sociedade quer pagar por mais três órgãos autônomos
nos moldes do Ministério Público”, declarou. Também contrário às
medidas, o presidente da Associação dos Técnicos Fazendários dos postos
fiscais e turmas volantes da Fiscalização Estadual (Afafe), José Alfredo
Santos Amarante, classificou as propostas como projetos de exclusão.
O diretor-adjunto da Receita, Paulo Castro, afirmou que as
questões de gestão que envolvem repercussão financeira dependem de
regulamentação, isto é, da intenção do governo de implementá-las. "Os
números apresentados, portanto, não condizem com a realidade”. Quanto a
parecer da PGE que apontaria inconstitucionalidades, o técnico da
Receita disse ter sido não um “parecer”, mas uma “informação” baseada na
versão preliminar dos projetos, que depois foram modificados e agora
estão sendo discutidos com as bancadas.
Presenças
Participaram da audiência os deputados Nelson Marchezan Jr. (PSDB),
Jorge Gobbi (PSDB), Adão Villaverde (PT), Leila Fetter (PP), Francisco
Pinho (DEM), Raul Pont (PT), Adroaldo Loureiro (PDT), Silvana Covatti
(PP), Aloísio Classmann (PTB), João Fischer (PP), Kalil Sehbe (PDT),
Alceu Moreira (PMDB), Edson Brum (PMDB) e Fabiano Pereira (PT).