A expansão do crédito foi o combustível do desempenho do
Banrisul em 2009, considerado o melhor da história da instituição. A
oferta de recursos para pessoa física e jurídica fechou dezembro do ano
passado em R$ 13,4 bilhões, alta de 17,1% ante o ano anterior. O
presidente da instituição, Fernando Lemos, disse que o último trimestre
do ano alavancou ainda mais os resultados e projetou expansão de 22% a
25% em 2010. Lemos anunciou que o banco prepara novos produtos na área
de cartões de crédito e débito, com o seu carro-chefe Banricompras, para
ampliar base de clientes, principalmente entre a população não
bancarizada, e empréstimos ao setor empresarial.
Para o executivo, a reação da instituição com a oferta de recursos
para o mercado, em meio à crise, sustentou a evolução dos números. "O
banco estava preparado e tinha controle para reagir no tempo correto",
traduziu o presidente. Com os resultados, que incluíram aumento de 7,2%
no lucro líquido, que ficou em R$ 541,1 milhões, o presidente espera
consolidar a instituição no sexto lugar entre os maiores do varejo
bancário brasileiro. A performance, que dependerá da divulgação dos
balanços das demais instituições, significará duas posições acima do
ranking de 2008.
O suspense sobre novos produtos na área de cartões de crédito e de
transações eletrônicas marcou a divulgação dos resultados. "Teremos uma
reestruturação de cartões, com emissão de novos tipos de plásticos e
maior uso da rede de captura do Banricompras", adiantou o dirigente.
Também é meta ampliar linhas com recursos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), com participação em fundos
garantidores.
Maior agressividade no segmento de cartões deve ser direcionada para
captação de operações de novas classes de consumo, como C e D. As
estratégias devem ser pautadas, segundo Lemos, pela nova configuração do
mercado de plásticos, que terá sua regulamentação alterada, quebra de
monopólio e estreantes no setor.
As operações direcionadas à pessoa física totalizaram R$ 5,4 bilhões,
com incremento de 38,1% em 12 meses. No segmento pessoa jurídica, o
saldo das operações alcançou R$ 4,7 bilhões, com aumento de 3,7%. A
inadimplência, que terminou 2009 em 3,4%, estável em relação aos 3,3% de
2008, é apontada como trunfo ante uma média de 6% do setor. Os ativos
totais apresentaram, em 2009, saldo de R$ 29,1 bilhões, 15,4% acima do
registrado em 2008. Este desempenho é justificado pelo crescimento das
carteiras de títulos e de crédito, sustentado pela ampliação das
captações.
Lemos esclarece que o lucro líquido é o maior, considerando que não
foi feita inclusão de eventos não recorrentes. Estes lançamentos
(créditos tributários, no caso do banco) foram feitos em 2007 (com lucro
líquido de R$ 916,4 milhões) e 2008 (lucro líquido de R$ 590,9
milhões). A margem financeira do banco somou R$ 2,5 bilhões em 2009,
28,5% (R$ 563,5 milhões) acima do montante gerado no ano anterior. O
resultado operacional no período foi de R$ 853,3 milhões, um acréscimo
de 21,2% em relação a 2008. O patrimônio líquido (PL) atingiu R$ 3,4
bilhões em dezembro de 2009, apresentando crescimento de 10,7% em
relação a 2008. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio
alcançou 16,7% em 2009. Os recursos captados e administrados fecharam o
ano em R$ 21,9 bilhões, um crescimento de 14,9%, oriundos da expansão
dos depósitos.
Yeda ressalta acerto da decisão de realizar IPO
A governadora Yeda Crusius, que fez questão de prestigiar a
divulgação do balanço, ressaltou que a evolução dos números da
instituição reflete decisões e estratégias acertadas na condução do
banco. Yeda também ressaltou a desenvoltura à reação do mercado no
pós-crise e a disponibilidade de recursos do Banrisul. "Tomamos a
decisão de colocá-lo em IPO, com governança corporativa na bolsa de
valores para que não houvesse, em nenhum momento, a ideia de que manter
um banco estatal seria para usá-lo politicamente", ressaltou. A
apresentação dos resultados também foi acompanhada pelo secretário da
Fazenda, Ricardo Englert.
A expansão das operações do Banrisul incluirá maior número de
agências em Santa Catarina. Em 2009, o banco saltou de dez para 23
postos. O mercado catarinense responde por 3% da base de clientes, com
total de 3 milhões. A atuação em Santa Catarina é mais forte hoje na
área empresarial. No Paraná, onde o Banrisul tem agência em Curitiba,
não deve ocorrer expansão em 2010.
Banricompras projeta chegar a nichos de periferia e autônomos
O superintendente de canais eletrônicos do Banrisul, Carlos Aluisio
Vaz Malafaia, apontou que os alvos para ampliação do uso do Banricompras
serão o Interior, profissionais autônomos e as periferias das cidades.
Também será dado mais impulso ao uso do plástico nos pagamentos do setor
primário.
A instituição deve também intensificar a penetração nas áreas da
saúde, com inserção do uso do meio de pagamento entre procedimentos e
consultas feitas por médicos. O crescimento do Banricompras, que avançou
21% em 2009, é o maior argumento para investimentos e novos produtos a
serem anunciados.