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O fim dos incentivos

04/02/2010
Depois de cumprir plenamente o objetivo de atenuar a queda na produção industrial, o incentivo fiscal adotado emergencialmente pelo governo federal chega ao fim nos próximos dias. A partir da análise de dados sobre o comportamento da indústria, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, entendeu que a produção, como ele mesmo definiu, pode a partir de agora caminhar com as próprias pernas. Incentivos fiscais, em circunstâncias como as enfrentadas quando da crise iniciada em 2008, são um recurso legítimo de política pública. Mas não podem se perpetuar, sob risco de contribuírem para desequilíbrios entre setores produtivos.

Com a redução de impostos, inicialmente para a produção de automóveis e depois para o setor de eletrodomésticos da chamada linha branca, a indústria manteve um nível de produção bem acima do que teria sem tal proteção. Com menos impostos, os preços dos produtos também foram reduzidos, com repercussão nos níveis de consumo. Os benefícios da medida se estenderam, por consequência, ao emprego, contribuindo para que os índices de desocupação ficassem aquém dos esperados ao longo de 2009.

Ao decidir que chegou o momento de retirar os incentivos, o ministro da Fazenda levou em conta a evolução das estatísticas. A indústria teve redução de 7,4% na produção em 2009, mas desde o último trimestre do ano passado todos os sinais são de recuperação. Também se prevê que em 2010 a indústria certamente irá recuperar o que perdeu em 2009, se as atuais tendências forem mantidas.

É interessante observar que, apesar da redução do IPI, a arrecadação de impostos em 2009 teve retração de apenas 0,14 ponto percentual em relação a 2008.

Além disso, quando se trata de arrecadação de tributos, a União deve buscar a modernização da estrutura arrecadatória, que resultará em benefícios para o setor público e em tratamento mais equânime para cumpridores das obrigações tributárias. Vencida a etapa de suporte momentâneo à indústria, o que todos os setores produtivos precisam, neste início de ano, é a garantia de que o país preservará uma política econômica exitosa, responsável pela redução dos efeitos da crise nos piores momentos da instabilidade mundial.


(Fonte: Editorial - Zero Hora)

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