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Os significados do déficit zero

27/01/2010
Ao anunciar, pelo segundo ano consecutivo, a conquista do déficit zero, o governo do Estado provocou reações que também se repetem. Como ocorreu no ano passado, desta vez o equilíbrio das contas públicas é naturalmente saudado por setores da sociedade por expressar eficiência na gestão financeira. Mas o feito é igualmente questionado, em especial pela oposição, que volta a atribuir a boa performance a uma provável manipulação contábil.

O encontro de receitas e despesas e, se possível, o superávit, deve ser uma meta também de governos, e não só de atividades privadas. É preciso, no entanto, que se respeitem as peculiaridades do setor público, no qual a prestação de serviços à sociedade não se submete a conceitos caros a outras áreas, como o objetivo do lucro. Déficit zero ou superávit não podem igualmente ser transformados em peças de marketing e tampouco merecem exaltação se não forem conquistados ao lado de investimentos e de melhorias na qualidade das atividades dos governos.

É saudável, portanto, que o Estado possa exibir os bons resultados de 2009, contrariando inclusive previsões mais pessimistas, em decorrência dos efeitos da crise mundial deflagrada em 2008. Mas tal feito não terá maior significado se for apenas um resultado matemático. E cabe à oposição, que levantou a suspeita de que o Estado maquia o déficit zero, apresentar dados concretos comprovadores de tal fato.

Em meio à controvérsia, o julgamento final é do cidadão, a quem o setor público servir. Todos dependemos, direta ou indiretamente, de algum serviço prestado pelo Estado em áreas essenciais como educação, saúde e segurança. O cidadão comum será sempre a maior autoridade para reconhecer ou não se o déficit zero se traduz em benefícios e se, ao lado de tal conquista, o governo mantém, com ações concretas, a anunciada disposição de reformar estruturas historicamente ineficientes da administração pública.

(Fonte: Editorial - Zero Hora)

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