A informação de que o Estado teria alcançado o superávit por uma margem pequena – R$ 10 milhões em um orçamento de R$ 23,67 bilhões – deu à oposição a certeza de que o governo teria manobrado os números para manter o déficit zero, uma das bandeiras mais conhecidas da governadora Yeda Crusius.
– Empatar, faltar ou sobrar R$ 10 milhões em um orçamento do tamanho do gaúcho não significa nada. Isso é um jogo puramente contábil, em que você acerta as contas para dizer que deu empate – afirmou o deputado estadual Raul Pont (PT).
Segundo o parlamentar, as contas de 2009, quando forem analisadas pela Assembleia Legislativa, devem ter irregularidades apontadas. Porém, a maioria governista no parlamento gaúcho deverá aprová-las mesmo assim, reclama Pont, alegando que há mais de 20 irregularidades nas contas de 2008 em análise.
Para o deputado Elvino Bohn Gass, líder do PT na Assembleia, o executivo deixou de aplicar cerca de R$ 2 bilhões em saúde e educação em 2009.
– Houve manobra nos números porque o governo não investe onde deveria – disse o deputado.
Pont classificou os baixos investimentos em áreas essenciais como um “déficit brutal de serviços públicos”. Para o deputado, conforme dados divulgados até novembro, o governo não aplica a cota mínima constitucional em saúde e educação há três anos:
– Não adianta o balanço dar empate se o Estado não faz o que tem de ser feito.
De acordo com o secretário de Planejamento e Gestão, Mateus Bandeira, não houve maquiagem.
– Se a oposição tivesse um mínimo de cuidado para acompanhar mês a mês as contas públicas, veria que nunca houve sobressalto nos números – rebate Bandeira.
O secretário contra-atacou com críticas ao governo Lula, que, segundo ele, fez “operações inusitadas, como antecipar resultados de dividendos de empresas públicas para manter a meta estipulada de superávit primário.”