Ao anunciar os resultados financeiros de 2009, a governadora Yeda Crusius comemorou o segundo ano seguido de superávit orçamentário: o governo do Estado gastou R$ 10 milhões a menos do que arrecadou.
– Até ontem (domingo), não sabia se teria de dar uma notícia ruim. Mas tenho duas boas notícias. A primeira é que mantivemos o déficit zero. A segunda é que nós, gaúchos, superamos a crise – garantiu Yeda.
Com arrecadação bem menor do que o previsto no orçamento de 2009 por conta da crise financeira mundial, o governo fechou o exercício em dia depois de cortar gastos em todas as secretarias, segundo Yeda. O governo diagnosticou, em agosto, que a crise poderia gerar um rombo de R$ 690 milhões nas contas, de acordo com o secretário da Fazenda, Ricardo Englert O início de parcerias e o investimento em infraestrutura foram adiados, e gastos como troca de sistemas ou reformas, reduzidos.
Auditor da secretaria da Fazenda aposentado, o economista Darcy dos Santos disse que a decisão de segurar investimentos para fechar o ano em dia após a crise é emblemática:
– O superávit é simbólico, representa a ideia de não gastar mais do que arrecada. Mas a situação financeira do Estado só será resolvida quando o setor previdenciário for reformulado.
Investimento foi praticamente igual ao realizado em 2008
No orçamento de 2009, estava prevista uma receita de R$ 24,5 bilhões, mas fechou em R$ 23,67 bilhões. Apesar de a crise ter reduzido o repasse de recursos federais aos municípios, as prefeituras não tiveram perdas nas verbas que passam pelo Estado. Isso porque o IPVA compensou a queda do Fundo de Participação dos Municípios com uma alta de 45,8% na arrecadação em comparação com 2008: foram arrecadados R$ 1,5 bilhão com o imposto.
Os números foram fechados na sexta-feira e, até então, o governo ainda trabalhava com a possibilidade de fechar 2009 no vermelho, afirmou o secretário de Planejamento e Gestão, Mateus Bandeira. Ao contrário de 2008, quando o Estado encerrou com superávit de R$ 443 milhões, a ideia não era fazer caixa excessivo, reduzindo investimento em ano de crise. O investimento em 2009 foi quase igual ao de 2008, sem descontar a inflação: R$ 662 milhões.