Um Fórum diferente
25/01/2010
Descentralizado, o Fórum Social Mundial volta hoje ao seu palco de
origem mas com peso político e formato diferentes. O evento, que se
encerra na sexta-feira, ocorrerá em Porto Alegre e mais seis cidades da
Região Metropolitana
Cinco anos depois de sua última edição em
Porto Alegre, o Fórum Social Mundial volta hoje à Capital com formato e
peso político diferentes em relação ao evento de 2001 e 2005.
Em
vez de figurar como palco central das discussões da esquerda
internacional, desta vez os debates e palestras dividem atenções com
eventos realizados em outras cidades do RS e do mundo. De atração
principal, passou a ser um braço da descentralizada edição de 2010.
Entre
tantas discussões geograficamente dispersas, coube a Porto Alegre
sediar os debates em torno do seu legado e futuro após um década de
história. Tanto que o principal eixo da programação gaúcha do FSM, que
vai de hoje até sexta-feira, é o seminário “10 Anos Depois: Desafio e
propostas
para um outro mundo possível”.
O
clima de retrospectiva também está presente no ponto alto do FSM em
Porto Alegre. Trata-se da participação do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no encontro em que será apresentado um balanço da trajetória do
Fórum, amanhã, no Gigantinho. Para a ocasião, também são aguardadas as
presenças, ainda não confirmadas, dos presidentes Fernando Lugo, do
Paraguai, e Evo Morales, da Bolívia, além do recém-eleito José Mujica,
do Uruguai.
O dia anterior à abertura foi dedicado à montagem das
estruturas de som e iluminação nos principais locais de seminários e
palestras na Capital. Na Usina do Gasômetro, o movimento dos técnicos
mexeu com a rotina do local e pegou de surpresa os visitantes que
queriam aproveitar o domingo para visitar um dos principais pontos
turísticos de Porto Alegre.
A todo instante, turistas eram
barrados por seguranças que tentavam conciliar o movimento do público e
dos instaladores de caixas de som.
– Não sabia que ia ter esse
movimento –
lamentou a arquiteta Isabel
Kouzmine, que tinha levado parentes do Paraná ao Gasômetro.
A
dezenas de metros dali, cerca de cinquenta trabalhadores ajustavam redes
de computadores e decoravam palcos em dois auditórios montados em
armazéns do cais do porto.
O barulho de martelos e furadeiras se
misturava ao da conversa de um grupo de cerca de 30 pessoas que fazia um
“debate pré-fórum” sobre comunicação colaborativa. Entre eles, o
moçambicano Viriato Tamele, diretor executivo da Coligação para a
Justiça Econômica. Participante do FSM desde 2001, Tamele fez o seu
balanço dos 10 anos:
– Produziu um espaço para o encontro de
movimentos sociais e para fazer um retaliação ao Fórum de Davos. Agora,
tem de crescer mais e valorizar as diferenças entre os continentes –
analisou.
Ainda no Gasômetro, Laura Carvalho e Elisabeth Lima,
coordenadoras de uma cooperativa de confecções, traduziam nas suas
projeções de venda a perspectiva de um Fórum menos expressivo do que em
outros anos.
– Devemos vender umas 200
camisetas. Nas outras vezes, vendíamos entre 700 e mil – garantiu
Elizabeth.
No centro montado para credenciar participantes e
imprensa na Assembleia Legislativa, o movimento era tranquilo na tarde
de ontem. A maioria dos inscritos no final de semana era de jornalistas e
pesquisadores latino-americanos, alemães e franceses. O maior movimento
é esperado a partir da manhã de hoje, quando começam a chegar caravanas
de estudantes e movimentos sociais, segundo Ana Console, membro da
organização do Fórum.
* Colaborou Aline Mendes
zerohora.com >
Em
gráfico, veja a programação do FSM e linha do tempo contando a história
do evento > No blog
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(Fonte: Zero Hora)
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