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Caminhos do Futuro

11/01/2010
O Rio Grande do Sul, que ainda calcula o abalo gerado pelas cheias em sua já depauperada infraestrutura e se prepara para enfrentar demandas surgidas com a Copa do Mundo de 2014, precisa intensificar mobilizações da sociedade civil na luta pelo cumprimento de metas de longo prazo. É o caso, entre tantos outros, do movimento de âmbito nacional Todos pela Educação, voltado para a busca de um ensino de qualidade e, no Estado, de iniciativas como a Agenda 2020, uma ferramenta cujo objetivo é garantir “O Rio Grande que Queremos” até o final da década. Assim como as metas, os prazos fixados há quatro anos se encurtam, exigindo maior intensidade na mobilização, para que o Estado possa pelo menos avançar um pouco mais nesse aspecto, disseminando a cultura do planejamento, hoje ainda incipiente.

Como define o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Paulo Fernandes Tigre, uma das entidades engajadas na causa, o objetivo é garantir caminhos para o futuro. A estratégia é buscar uma cultura do pensamento de longo prazo, que permita ao Estado pensar no mínimo além do horizonte de uma administração, evitando que a cada troca de governo tudo fique parecendo ter que começar de novo, da estaca zero e sem horizontes definidos pela frente. É o caso, de maneira geral, de áreas de responsabilidade direta do poder público, e que não podem ser descontinuadas, como saúde e segurança, mas também dos preocupantes gargalos da infraestrutura. É o caso, particularmente, de uma atividade como a educacional, da qual o Estado não pode se descuidar ao definir qualquer saída de médio e longo prazos.

A hora é agora de o Rio Grande enfrentar carências em áreas que vão do ensino à logística, se quiser garantir lugar num país interessado em figurar entre os grandes. No caso da infraestrutura, os desafios são velhos conhecidos dos gaúchos: além da situação crítica em rodovias, pontes e viadutos, há as limitações do porto de Rio Grande, a demora na ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho e o tímido aproveitamento das hidrovias, por exemplo. Da mesma forma, parte da população sabe que estas questões precisam ser enfrentadas, e logo, para o Estado se posicionar melhor no aspecto competitividade. A questão é que não basta conhecer os problemas e as consequências provocadas por eles – é preciso impedir que persistam por falta de ações efetivas.

Se os governantes não têm como enfrentá-los num horizonte de quatro ou oito anos como ocorre em caso de reeleição, iniciativas como a união de universidades, entidades de classe, associações, políticos e personalidades em torno da Agenda 2020 mostram-se ainda mais relevantes. Uma visão de longo prazo sobre as deficiências de infraestrutura é o primeiro passo para o Estado evitar a repetição de situações como as agravadas pela intempérie e se preparar para incorporar megaeventos às suas rotinas, se demonstrar eficiência na Copa de 2014.

(Fonte: Editorial de Zero Hora - Domingo 10/01/10)

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