Com
o recesso nas casas legislativas, os políticos gaúchos aproveitam a
primeira semana de janeiro para intensificar as negociações visando às
eleições deste ano no Estado.
Enquanto o PMDB, do prefeito José Fogaça, tenta consolidar a aliança
com o PDT, que, em caso de renúncia do peemedebista, herdará o comando
da Capital com o vice José Fortunati, o PTB busca construir uma via
alternativa à polarização PT-PMDB.
Depois de retomar na terça-feira a conversa com o deputado Beto
Albuquerque, pré-candidato do PSB ao Palácio Piratini e um dos
entusiastas da tese de "terceira via", o representante do PTB, deputado
Luís Augusto Lara, esteve ontem com o presidente estadual do PP, Pedro
Bertolucci.
Ao lado dos deputados estaduais Cassiá Carpes e Iradir Pietroski,
Lara formalizou ao PP a intenção de criar uma "frente ampla" para
enfrentar o PT, que deve lançar o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o
PMDB.
O encontro durou pouco mais de uma hora e Lara ouviu de Bertolucci,
que estava acompanhado de vários dirigentes do partido, entre eles o
diretor do Brde, Celso Bernardi, que o PP está aberto ao diálogo
visando à nova composição.
"Também pensamos em uma nova solução para o Estado, um outro
momento, em que o desenvolvimento seja novamente o rumo. Chega de
guerra constante. Precisamos parar com essa raiva", afirmou o
presidente do PP - sem descartar, porém, apoio à reeleição de Yeda
Crusius (PSDB).
Evitando críticas ao governo tucano, do qual fizeram parte desde o
início, os líderes reforçaram a tese de que é prejudicial para o Estado
a polarização política. "É preciso romper com esse ranço", pontuou
Lara.
Tática parecida adotou Germano Rigotto (PMDB), que em 2002 venceu
com o discurso de união e paz para o Rio Grande, tencionado entre
Antonio Britto (então no PPS) e Olívio Dutra (PT). Em 2006, Yeda
Crusius também correu por fora na disputa entre Rigotto e Olívio - e
chegou ao Piratini anunciando um "novo jeito de governar".
A possível "frente ampla" imaginada por Lara e Beto Albuquerque para
2010 poderia integrar PTB, PSB, PP e até o PCdoB. Além disso, PPS e
DEM, do vice-governador Paulo Feijó, também serão procurados.
Na reunião de ontem, PTB e PP decidiram que irão tentar montar um
cronograma de atividades conjuntas e, até o final do mês, devem
realizar um encontro formal entre as três legendas.
No PDT, o clima é de cautela. Cortejado por PMDB e PT, os
trabalhistas devem deixar a decisão para março - apesar de a tendência
ser firmar coligação com Fogaça. "Estamos em compasso de espera e de
discussão", ressaltou o presidente estadual da sigla, Romildo Bolzan
Jr.
Bolzan deve se encontrar ainda nesta semana com o ministro do
Trabalho e presidente nacional do PDT licenciado, Carlos Lupi, que
desembarca hoje em Porto Alegre. Lupi vem cumprir agenda do ministério
e também vai tratar das eleições 2010 com os líderes do partido.
Os peemedebistas, por sua vez, travam um debate interno sobre o
pacto assinado pelo partido, em 2008, se comprometendo a apoiar o
candidato do PDT à prefeitura de Porto Alegre em 2012. Na noite de
ontem, em Rainha do Mar, onde o senador Pedro Simon veraneia, membros
da Executiva debateram os últimos detalhes da festa de lançamento da
candidatura de Fogaça. O evento será no dia 31 de janeiro, em Capão da
Canoa.