TCE endurece normas a indicações
01/12/2009
A
indicação de Marco Peixoto para o Tribunal de Contas do Estado
deflagrou situação inédita no Rio Grande do Sul. Pela primeira vez, o
TCE se posicionou e anunciou a edição de resolução estabelecendo como
serão verificados os requisitos para o ingresso na Corte. Escaldados
com o desgaste promovido com o episódio do então presidente João Luiz
Vargas, conselheiros e servidores de carreira vinham dando recados de
que resistiriam à indicação de Peixoto. O Legislativo não levou a sério
e agora a polêmica, que aos poucos ganhava força nos bastidores, veio à
tona às vésperas de o plenário da Assembleia avalizar a indicação de
Peixoto. O movimento, além de agravar o impasse entre as instituições,
pode pressionar o parlamento a rever a praxe das indicações políticas
aos cargos de conselheiros. Vistas como um "prêmio" em função do alto
salário e da aposentadoria integral, há muito as vagas são rateadas
entre partidos que estabeleceram rodízio, partilhando, assim, o
benefício das indicações. Caso o constrangimento público e a posição do
tribunal não sejam suficientes para levar o Legislativo a mudar as
regras, ficarão como um claro recado de que o TCE fará a sua parte, ao
verificar, a partir de agora, com muito rigor, o atendimento das
exigências constitucionais, medida que, com certeza, terá reflexo nas
futuras indicações.
Foco alterado
A resistência inicial do TCE era relativa às suspeitas de envolvimento
de Peixoto em irregularidades, o que comprometeria a exigência da
reputação ilibada. Como o MPE arquivou a primeira representação contra
ele, o foco se voltou à "comprovação de notório saber específico", que,
considerada a sabatina, ficou longe de ser atendido.
Indignação explícita
A reunião dos conselheiros do TCE com o procurador-geral do MPC,
Geraldo da Camino, ocorreu a portas fechadas, mas, do lado de fora, foi
possível ouvir a indignação de João Osório, que assume, dia 18, a
presidência do tribunal. Ele deixou claro na reunião que, se já fosse
presidente, não daria posse a Marco Peixoto.
Daqui para a frente, tribunal quer rigor
A manifestação do TCE, que anunciou maior rigor na verificação dos
requisitos para o ingresso na Corte, evidencia que assim como o
Legislativo finge cumprir seu papel nas sabatinas, tribunal adotava até
agora a mesma postura ao analisar as indicações.
(Fonte: Taline Oppitz/Correio do Povo)
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