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Política da desoneração

27/11/2009
A decisão do governo federal de isentar os fabricantes de móveis do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até março tem forte componente político e não acena com a solução dos problemas enfrentados por esse segmento. O que o país precisa de fato é de alternativas tributárias que não se limitem a favorecer uma ou outra atividade específica por tempo determinado. Essa é uma condição que só pode ser assegurada com reforma tributária adequada às necessidades do momento.

Na sua mais recente decisão na área tributária, cujo conteúdo alguns segmentos alegam integrar não uma política industrial, mas política eleitoral mesmo, o Planalto prorrogou também a redução tributária para materiais de construção, depois de já ter anunciado incentivo semelhante para automóveis e caminhões com motor flex. A decisão, obviamente, contempla uma atividade de peso importante nas economias gaúcha e catarinense, que vêm enfrentando perdas significativas nas exportações devido à defasagem cambial. Com a redução de imposto, confirmada agora, o setor poderá compensar a desvantagem em relação à chamada linha branca, cujos preços também se reduziram devido a uma taxação menor.

Por mais que sejam importantes, as decisões não podem obscurecer o debate sobre alternativas mais amplas e mais profundas, como uma reforma tributária. Providências circunstanciais como as tomadas agora ajudam a evidenciar também a excessiva concentração dos impostos nas mãos da União, que assim fica com o monopólio da concessão de benefícios, quase sempre em prejuízo de Estados e municípios.

O país precisa também criar as condições necessárias para pôr em prática a prometida redução gradativa na contribuição patronal sobre a folha de salários. Ao contrário de providências emergenciais, de efeito temporário, desonerações nessa área poderiam contribuir permanentemente para uma aceleração no ritmo de contratações, ajudando o país a reduzir seu déficit crônico nas oportunidades de emprego.


(Fonte: Editorial Zero Hora)

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