Avança
no Congresso a proposta de emenda à Constituição que altera as regras
para o pagamento de precatórios – as dívidas do setor público
decorrentes de decisões judiciais. O plenário da Câmara aprovou o texto
ontem, em segundo turno. A PEC será encaminhada agora para apreciação
do Senado.
A proposta, que beneficia Estados e municípios
devedores, é alvo de críticas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A
entidade contesta a instituição de um limite anual para o cumprimento
de decisões judiciais, o prazo de 15 anos para pagar os credores e o
estabelecimento de um leilão que provocará um deságio no valor da
dívida, prejudicando quem tem direito aos créditos.
Prefeitos e
governadores pressionaram pela aprovação da proposta, considerada
salvadora para os gestores. O município de São Paulo, por exemplo, deve
R$ 14 bilhões em precatórios, segundo informações do prefeito, Gilberto
Kassab (DEM). A estimativa é que haja atualmente um estoque de R$ 100
bilhões de precatórios não pagos pelos Estados e pelos municípios. A
União está em dia com os pagamentos.
– Essa proposta é uma solução correta para um problema grave – afirmou o deputado José Genoino (PT-SP).
Ele
argumentou que atualmente a Justiça sequestra os recursos dos
municípios que não pagam suas dívidas, impedindo que os prefeitos
tenham autonomia para administrar.
– Se deixar como está, a
população mais carente não vai receber nada e terá seus serviços
básicos comprometidos – completou Genoino.
PSOL considera que proposta é “violação à Constituição”
O PSOL foi o único partido que declarou ser contra a proposta.
–
É uma violação à Constituição. Quem deve tem de pagar. A nossa defesa é
da cidadania e não do Estado. O cidadão tem direito líquido e certo de
receber –afirmou o líder do PSOL, Ivan Valente (SP).
Na votação de ontem, os deputados mantiveram o texto aprovado em primeiro turno no dia 4 de
novembro, sem nenhuma alteração. O placar registrou 338 votos a favor, 77 contrários e 7
abstenções. Para aprovar uma proposta de emenda constitucional são necessários 308 votos.
Brasília