Eles foram retirados de seu hábitat, amarrados e jogados dentro de um caminhão para serem negociados.
No
meio do caminho, foram salvos dos seus maiores predadores: o homem. Dez
anos depois de recuperados de uma operação que pretendia levá-los a
Pernambuco, parte dos 32 flamingos vive no zoo de Sapucaia do Sul.
As
aves elegantes, atentas e unidas em nada lembram as imagens flagradas
no dia da apreensão. Era 12 de novembro de 1999, em Marcelino Ramos,
quando dois caminhoneiros foram parados em fiscalização na divisa com
Santa Catarina. Eles apresentaram guias de trânsito argentinos, com
carimbo do Ibama de Quaraí, mas o chefe do posto de fiscalização
estadual, Itacir Todero, desconfiou: o posto havia sido fechado.
Os
dois acabaram presos em flagrante, e as aves, com as asas cortadas,
nunca mais puderam voltar ao seu hábitat. Sujas e estressadas, elas
foram divididas entre o zoológico de Sapucaia do Sul e outros pontos.
Por
causa do estresse, técnicos avaliaram que as condições de sobrevivência
em um ambiente com outras espécies seriam mínimas. Acreditavam que elas
jamais procriariam. No zoo, elas provaram o contrário.
O
veterinário do zoo Claudio Giacomini não sabe precisar se foi uma das
aves apreendidas na ocasião as responsáveis pelos três filhotinhos que
nasceram em 2007, mas diz que elas contribuíram muito para isso.
–
Elas não procriam em um número menor de 20 animais. É da natureza delas
que tenha o grupo todo. Há todo um ritual da corte do macho, da disputa
pela fêmea. Juntos eles conseguiram ter três filhotes em 2007 – diz.
LETÍCIA BARBIERI | Sapucaia do Sul