A valorização do mérito
11/11/2009
As
reações contrárias às medidas propostas pelo governo estadual no pacote
de reajustes do funcionalismo são previsíveis, por partirem de
corporações historicamente mais preocupadas apenas com os interesses de
uma categoria específica e não com o conjunto do funcionalismo. Pelo
menos duas das medidas previstas, porém, merecem ser analisadas com o
máximo de atenção por parte da sociedade gaúcha e de seus
representantes na Assembleia: a instituição da meritocracia no serviço
público e a extinção de uma deformação chamada licença-prêmio, com
exceção da destinada à realização de cursos de capacitação.
Uma
premiação de dispensa temporária para quem nada mais fez do que cumprir
com a obrigação de ser assíduo ao trabalho só pode ser entendida no
conceito tradicional de serviço público, em que servidores encaram o
governo como uma espécie de porto seguro, no qual, depois que se entra,
tudo passa a ser possível. É o que ajuda a explicar desde fatos como o
de servidores que sequer comparecem ao trabalho até o de quem se julga
no direito de suspender as atividades de tempos em tempos simplesmente
por ter cumprido o requisito de assiduidade.
Da
mesma forma, é importante que a ideia de premiar quem trabalha mais e
demonstra maior eficiência possa ser aperfeiçoada nos debates e
avançar. Por mais que as corporações rechacem a possibilidade, a
questão é que um Estado com uma situação financeira do setor público
tão frágil, sem condições, portanto, de acenar com revisão salarial
para todos, indistintamente, precisa dar uma atenção especial para os
mais dedicados.
Certamente, a premiação por mérito não depende
apenas do empenho do servidor, de quem se espera mais assiduidade, mais
eficácia e maior comprometimento, mas também da capacidade do setor
público de oferecer boas condições de trabalho, além de contas em
equilíbrio. Daí a importância de tanto o poder público quanto os
servidores fazerem a sua parte, para que as deformações salariais
comecem finalmente a ser corrigidas, de forma mais justa e com a
preocupação de favorecer os contribuintes.
(Fonte: Editorial Zero Hora)
|
|