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Assembleia recebe hoje os projetos de reajute

10/11/2009


Entre outras medidas propostas ao Legislativo estão o fim da licença-prêmio e uma PEC para incluir critérios de meritocracia


Secretários Guimarães, Bandeira e Englert detalham medidas anunciadas na semana passada Ana Paula Aprato/JC

Secretários Guimarães, Bandeira e Englert detalham medidas anunciadas na semana passada Foto: Ana Paula Aprato/JC

O governo do Estado pretende encaminhar hoje à Assembleia Legislativa o projeto de lei que aumenta o salário inicial de soldados da Brigada Militar (BM). Pela proposta, a remuneração básica passará de R$ 1.007,60 para R$ 1.200,00.

A medida faz parte do pacote de reajustes anunciados na quinta-feira passada pela governadora Yeda Crusius e deve ser a primeira a chegar ao Parlamento.

Denominado de Plano de Valorização do Serviço Público, o conjunto de ações também prevê acréscimo para o magistério (R$ 1,5 mil para 40h) e mudanças no marco legal das carreiras do Estado.

Na manhã de ontem, os secretários de Planejamento e Gestão, Mateus Bandeira; da Fazenda, Ricardo Englert; e da Administração e Recursos Humanos, Elói Guimarães, detalharam as iniciativas que serão desdobradas em pelo menos seis projetos - entre eles, uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional).

"Serão seis ou sete textos, estamos finalizando essa etapa de discussão. A PEC será necessária para permitir a inclusão de dispositivos que possibilitem vantagens associadas ao mérito no Estatuto do Servidor", explica Bandeira.

Hoje, a evolução salarial nas carreiras estaduais está principalmente vinculada ao tempo de serviço. O Executivo pretende incluir critérios de meritocracia: progressão e promoções atreladas à capacitação e qualificação.
Bandeira ressaltou que, quando instituído o mecanismo, os atuais funcionários poderão escolher se querem migrar para o novo sistema e que terão preservadas as vantagens adquiridas até o momento.

"As modificações no marco legal e no Estatuto não se aplicam automaticamente às carreiras, dependem de lei específica. Vamos iniciar de forma gradual, com a criação da carreira de Gestor Público", garantiu o secretário.

O novo cargo, chamado de Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão de Políticas Públicas, será a primeira experiência e também precisará passar pela Assembleia. Estão previstas 150 vagas no regime de meritocracia.

A matriz salarial terá três níveis de progressão e cinco graus referentes a promoções. Com isso, o salário pode variar de R$ 3,4 mil até R$ 7,6 mil (hoje, chega a R$ 6 mil). Haverá também uma gratificação de produtividade de até 25% do valor do vencimento, ligadas ao cumprimento das metas.

Ainda no tópico Estatuto do Servidor, o governo pretende adequar a licença-prêmio às regras federais. A licença de até 3 meses, concedida a cada três ou cinco anos, conforme o órgão, seria eliminada. A ideia do governo é aperfeiçoar a licença-capacitação e aumentar o tempo da licença de interesse particular, quando não há pagamento de salário. "Somos um dos últimos estados a manter essa norma. Na administração federal, também é assim, não há mais licença-prêmio", comparou Bandeira.

Metas para prêmio desempenho terão discussão em cada órgão

Entre as medidas anunciadas pelo governo do Estado, o Prêmio de Desempenho Institucional (PDI) é uma das mais controversas. Na prática, a gratificação representaria um 14ª salário, pago em duas parcelas semestrais, conforme o cumprimento de metas. Ontem, o secretário do Planejamento, Mateus Bandeira, esclareceu alguns pontos. Segundo ele, o PDI será aplicado mediante as metas fixadas em um sistema chamado de "acordo de resultado", que será feito por cada órgão.

"Será um termo específico para cada um. Hoje, temos acordos de resultados com 13 órgãos, só que os servidores não recebem bônus se atingiram as metas. Na Saúde, por exemplo, observamos critérios como os produtos (equipamentos dos hospitais, por exemplo) e também os resultados, como redução da mortalidade infantil", afirma Bandeira.

A implantação do PDI deve iniciar pelas secretarias que já trabalham com os acordos de resultados e também está vinculado aos compromissos orçamentários do Executivo. "É uma forma de motivar e mobilizar os servidores, mas o governo também entra com a garantia de que irá melhorar as condições de trabalho, investindo, por exemplo, na compra de viaturas para a Brigada Militar", completa o secretário da Fazenda, Ricardo Englert.

O secretário da Fazenda diz ainda que os reajustes e as alterações não vão comprometer o equilíbrio das contas públicas. "O pagamento do PDI estará condicionado ao resultado orçamentário maior ou igual a zero", observa Englert. Haverá ainda um desempenho mínimo de 70%.

Outra alteração proposta prevê a distribuição dos ganhos com o ajuste fiscal, através de um mecanismo chamado matriz da segurança e matriz da educação. O primeiro foi implantado em 2004 e estabelece a repartição de 10% do superávit entre os funcionários da Segurança (exceto delegados).

O governo pretende aumentar esse percentual para 15% e incluir o magistério, também com 15%. "É uma política de reajuste, 30% dessa poupança será aplicada em Educação e Segurança", reforça o secretário.

Sobre o piso sugerido para o magistério, de R$ 1,5 mil para 40h/semanais a partir de março de 2010, Englert salientou que representa um acréscimo de 57% e que irá atingir 30 mil professores. Hoje, eles recebem R$ 862,80 por 40h.

Os secretários falaram ainda sobre as mudanças nas fundações, visando à revitalização, e sobre o reajuste para dirigentes de autarquias e fundações, que passaram a ganhar entre R$ 6,8 mil e R$ 10 mil. Hoje, os vencimentos de presidentes e diretores podem variar de R$ 4 mil a R$ 4,6 mil.

Governo quer aprovar textos ainda neste ano

Com o objetivo de votar o conjunto de leis que compõem o Plano para a Valorização do Serviço Público Gaúcho antes do final do ano da Assembleia Legisliva, o governo gaúcho passará a semana de prontidão. Hoje pela manhã, o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, será recebido pelos 33 deputados da base aliada do governo tucano em reunião às 8h, no Parlamento gaúcho.

A intenção do encontro é dar continuidade às negociações a fim de viabilizar a aprovação dos projetos, que devem chegar ao Legislativo em regime de urgência para serem analisados em plenário antes da última sessão deste ano, em 22 de dezembro.

Entre os parlamentares governistas, onde aumentava o descontentamento com reajustes prometidos recentemente a procuradores estaduais e defensores públicos sem avançar uma proposta para a base da pirâmide salarial, as repercussões sobre o conjunto de propostas são positivas.

O líder do PTB, deputado Aloísio Classmann, indica que a bancada está satisfeita com a proposta. "São medidas importantes que resgatam direitos da Brigada Militar e do magistério, que eram reivindicações antigas."

O deputado Gilberto Capoani, líder da bancada do PMDB, aponta que o projeto está dentro de um "limite possível". "Não é perfeito porque não contempla todo o funcionalismo estadual. Mas, resolve prioritariamente a situação de quem ganha menos."

O líder da bancada do PP, deputado João Fischer, diz que os colegas progressistas concordam com a proposta. "Vem ao encontro do que todos estavam pedindo, que eram melhores condições para os que ganham menos."



 

(Fonte: Jornal do Comércio)

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