Licença só para qualificação
10/11/2009
Como recomendaria Maquiavel ao Príncipe, a governadora Yeda Crusius
anunciou a parte popular do pacote do funcionalismo, como a elevação do
salário inicial do magistério para R$ 1,5 mil e dos soldados da Brigada
Militar para R$ 1,2 mil. A parte espinhosa coube aos secretários da
Fazenda, Ricardo Englert, e do Planejamento, Mateus Bandeira.
Foi
na entrevista organizada para os dois explicarem detalhes dos projetos
que se soube do fim da licença-prêmio, uma espécie de vaca sagrada para
os servidores. Licença-prêmio é uma superfolga de três meses a que o
servidor tem direito a cada cinco anos de trabalho. Nem sempre é
possível gozar a licença, porque é preciso autorização da chefia, mas
ela fica lá, como uma espécie de poupança para o servidor.
Se a
mudança proposta for aprovada, muda o conceito da licença, como já
mudou no governo federal. Agora, ela só será concedida para a
realização de cursos de qualificação. Pode ser curta (de até três
meses), ou longa, de até três anos, prorrogáveis por mais um, para
fazer cursos de graduação ou pós-graduação.
Para não
desrespeitar o direito adquirido, o governo propõe que a licença-prêmio
acumulada até a mudança da lei seja gozada ou convertida em dinheiro. A
partir da aprovação do projeto, passariam a vigorar as novas regras
para todos os servidores. Não há mais o prazo de cinco anos para ter
direito à licença. O funcionário poderá requerer o afastamento todos os
anos, desde que o curso proposto seja considerado importante para a
atividade que desempenha e sua saída não comprometa o funcionamento do
setor.
A primeira reação dos sindicatos foi negativa. O que mais
se ouviu ontem foi que o governo está suprimindo mais uma conquista dos
servidores. Com a mesma veemência com que condenaram a instituição da
meritocracia, os dirigentes sindicais atacaram a mudança na
licença-prêmio. A Assembleia, que normalmente se mostra sensível à
pressão das corporações, terá mais dificuldade para aprovar o fim da
licença-prêmio do que as mudanças que abrem caminho para a avaliação de
desempenho dos servidores.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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