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Pacote acaba com licença-prêmio

10/11/2009

Junto a medidas que aumentam vencimentos de servidores, Estado quer derrubar folga de três meses a cada cinco anos

Quatro dias depois de divulgar um pacote de reajustes para o funcionalismo, o governo Yeda Crusius anunciou ontem que pretende acabar com a licença-prêmio. Pelo projeto que será enviado à Assembleia, os servidores só poderão tirar licença remunerada para realizar cursos de capacitação.

Omodelo atual da licença-prêmio permite que o servidor se ausente por até três meses – a cada cinco anos – e continue recebendo do Estado. Por se tratar de um prêmio, o servidor não tem obrigação de justificar o que fará durante a licença. A proposta do Piratini fará parte do projeto de lei complementar que altera o Estatuto dos Servidores, ainda sem data para chegar ao Legislativo.

O governo garante que todos os servidores que tiverem licença-prêmio acumulada até a data de uma eventual aprovação terão o benefício preservado. Isso significa que o funcionário poderá tanto desfrutar de sua licença-prêmio como convertê-la em dinheiro. Aprovado o projeto, todos os servidores serão submetidos às novas regras.

O funcionário terá direito à licença remunerada desde que comprove a realização e o objetivo do curso de aperfeiçoamento. A participação no curso está condicionada à autorização do chefe imediato. Com o fim da licença-prêmio, o governo pretende aperfeiçoar a licença-capacitação – que hoje já existe no serviço público gaúcho. Pelas novas regras, o período de qualificação será dividido em duas modalidades. Na primeira, será ampliada de dois para três anos, podendo ser prorrogável por mais um ano. Isso permitirá que o servidor possa realizar um curso de graduação ou pós-graduação, por exemplo. Na segunda modalidade, o governo pretende criar uma licença de até três meses para cursos curtos.

Outro benefício que o Piratini pretende modificar é o que trata da licença para interesse particular. Atualmente, o servidor pode se afastar do trabalho por até dois anos, sem receber. Pelo novo projeto, o servidor poderá ficar fora por até três anos.

Com o argumento de que a licença-prêmio está defasada, o secretário do Planejamento, Mateus Bandeira, explica que a proposta do Piratini adapta a licença às regras implementadas pelo governo federal e por outros Estados.

O primeiro texto do pacote de projetos, anunciado na semana passada pela governadora, deve chegar à Assembleia até quinta-feira. Trata-se da proposta que prevê reajuste para a Brigada Militar, que deverá tramitar em regime de urgência e, com isso, ser votada ainda este ano. Os demais projetos ainda estão sendo finalizados.

Por dentro do pacote
REMUNERAÇÃO POR MÉRITO
Quais são as novidades propostas pelo governo do Estado, que ainda dependem de aprovação na Assembleia e sanção de Yeda.
- O funcionário precisaria mostrar resultado antes de obter benefícios. O governo pretende criar uma nova carreira já prevendo a meritocracia, a de “analista de políticas públicas”. Essa carreira não terá vantagens por tempo de serviço, e suas promoções serão de acordo com a capacitação e qualificação dos servidores. A ideia é usar essa carreira como um piloto de como poderá vir a funcionar em outras do serviço público.
- 14º Salário – É o primeiro movimento de meritocracia. É um bônus para servidores de diversas carreiras que atingirem determinadas metas. Como ele pode ser de até um salário, é apelidado de 14º salário.
REAJUSTES
Servidores da segurança terão reajuste, enquanto alguns professores terão reforço nos salários. Veja como vai funcionar:
- Segurança pública – O salário inicial dos soldados da Brigada Militar passa de R$ 1.007 para R$ 1.208, um aumento de 19,96%. Com exceção dos delegados, todos servidores da segurança ganharão reajustes de diferentes percentuais quando o Estado tiver superávit. Em 2010, o reajuste já está garantido. Além de receberem a última parcela da Lei Britto, há uma lei que obriga o Estado a destinar parte do ganho fiscal em reajustes para a segurança (a matriz aumentaria de 10% para 15%). Quem ganha menos, terá um aumento maior.
- Educação – Nenhum professor receberá menos do que R$ 1,5 mil. Os que têm um salário menor, receberiam um reforço até atingir esse valor, mas o reforço não passaria a fazer parte do salário-base. Quem ganha mais do que R$ 1,5 mil não será beneficiado.
- O Estado também implantaria a chamada matriz para servidores da Educação. Ou seja, destinar um percentual do superávit (15%, nesse caso) para aumentar os salários do magistério. Se não houver lucro, não há reajustes.
- Dirigentes de fundações e autarquias – Com o argumento de que os vencimentos estão defasados, o governo propõe aumentar o salário dos presidentes de R$ 4 mil para R$ 8,5 mil e de R$ 4,6 mil para R$ 10 mil. Já os diretores, de R$ 3,4 mil para R$ 6,8 mil e de R$ 4 mil para R$ 8,5 mil.
LICENÇA-CAPACITAÇÃO
Por meio de alteração no Estatuto do Servidor, o governo quer substituir a licença-prêmio – uma folga remunerada de até três meses para servidores que trabalharam cinco anos – pela licença-capacitação. Ou seja, o funcionário do Estado só poderia se licenciar e receber salário se fizer um curso enquanto estiver fora de sua função.


(Fonte: Zero Hora)

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