Para acalmar servidores
06/11/2009
Será muito difícil a oposição se posicionar contra os projetos
anunciados ontem pela governadora Yeda Crusius, apesar das restrições
do Cpers. Em véspera de ano eleitoral, quem poderá ser contra propostas
que aumentam a remuneração de professores e policiais militares?
Ainda
não se conhecem todos os detalhes dos projetos, que certamente irão
para a Assembleia com margem para aperfeiçoamento, mas a simples
elevação do salário inicial do professor para R$ 1,5 mil nos contratos
de 40 horas e dos soldados da Brigada Militar para R$ 1,2 mil deve ser
saudada. É pouco? É, mas as finanças do Estado têm limites para a
concessão de reajustes. O Cpers reagiu porque o mínimo de R$ 1,5 mil é
a remuneração total no início da carreira e não o básico sobre o qual
incidem as vantagens, como gostariam os sindicalistas.
Há um
senão na proposta do magistério. De acordo com as informações iniciais
do governo, a diferença até o piso de R$ 1,5 mil será paga por meio de
um complemento a todos os que ganham menos do que isso. Na prática, é
possível que os primeiros níveis da carreira acabem sendo igualados ao
do patamar inicial.
A posição ultrapassada do Cpers, contrária à
implantação da meritocracia, deverá ser derrotada na Assembleia para
que os professores possam receber o 14º salário mediante o cumprimento
de metas. A ideia da compensação financeira para os grupos que
atingirem metas pactuadas é bem-vinda porque abre caminho para a
melhoria da qualidade do serviço prestado à população.
O grande
ponto de interrogação nos projetos anunciados ontem por Yeda é a origem
do dinheiro para financiá-los e o risco de comprometer o equilíbrio das
contas. Embora o secretário da Fazenda, Ricardo Englert, garanta que há
R$ 1 bilhão a mais no orçamento de 2010 para o pagamento de salários e
benefícios, convém lembrar que os gastos com pessoal já vêm crescendo à
base de R$ 1 bilhão por ano e que há mais projetos na Assembleia
aumentando salários nos outros poderes.
Como nem todas as
categorias foram contempladas, haverá choro e ranger de dentes entre os
que ficaram de fora do pacote de bondades da governadora, a começar
pelos técnicos-científicos e pelos servidores do quadro geral.
(Fonte: Rosane de Oliveira - Zero Hora)
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