Enquanto
o Piratini inaugura uma fase de negociações sobre reajustes, algumas
categorias sinalizam com acordos e outras aproveitam para pedir mais.
Há também um terceiro grupo: o de servidores descontentes com a
meritocracia – política que vai nortear a temporada de diálogos entre
governo e funcionários.
Secretário do Planejamento, Mateus
Bandeira encaminhará hoje à governadora Yeda Crusius uma série de
projeções sobre o que é – e o que não é – possível conceder às classes
insatisfeitas. A partir de amanhã, ganharão força as conversas com
militares, professores, técnicos-científicos e demais servidores do
Executivo (veja quadro).
Bandeira já avança em um ponto para
chegar ao consenso com a Brigada Militar. O reajuste de 19,9% no
salário dos oficiais, ainda referente às Leis Britto, é visto com bons
olhos. Mas a principal reivindicação da BM se refere a um aumento de
100% no vencimento dos soldados – hoje o mais baixo do país.
– Estamos focados na
situação dos que recebem menos, que é o
caso dos soldados. Ainda não posso falar em números, mas segurança pública é prioridade – adianta Bandeira.
Nem
os militares acreditam que o aumento de 100% seja viável, mas a
entidade que representa a categoria já recusou, no mês passado, uma
possibilidade apresentada pela Fazenda.
– Nos mostraram estudo
informando que seria possível aumentar em 3,5% a matriz salarial. Após
rejeitarmos, concordaram em conversar novamente – conta o presidente da
Associação dos Oficiais da Brigada Militar, coronel Jorge Luiz Braga.
Técnicos-científicos pedem equiparação com procuradores
Já
os técnicos-científicos (servidores do Executivo com nível superior),
com reunião marcada para amanhã, emendaram à reivindicação inicial um
pedido fadado ao fracasso, conforme sinaliza Bandeira. Primeiro, pediam
reposição salarial de 44,73% referente à perda inflacionária. Agora,
reivindicam também direitos iguais aos procuradores de Estado, que
podem ser beneficiados com um subsídio em tramitação na Assembleia.
Assim, o salário inicial dos técnicos-científicos passaria para R$ 13
mil.
–
Temos nível superior como os procuradores. Por que devemos ganhar
menos? – questiona o presidente do Sindicato dos Técnicos-Científicos
(Sintergs), Cézar Pacheco Chagas.
Assim como a presidente do
Cpers, Rejane de Oliveira, Chagas reprova a política de meritocracia. O
método premia com dinheiro quem atinge metas de qualidade
pré-estipuladas. Embora o governo não revele como seria o processo,
adianta que será o norte dos diálogos.
– Isso é fugir do debate
sobre reajustes, é enganar os servidores. E como se avalia desempenho
em escolas com enormes diferenças de estrutura? – pergunta Rejane.
– Queremos premiar o servidor toda vez que ele conseguir melhorar o serviço prestado à sociedade – rebate Bandeira.
paulo.germano@zerohora.com.br
PAULO GERMANO