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Pressão na folha

30/10/2009
Os Estados menos desenvolvidos do Brasil gastam mais, proporcionalmente ao seu Produto Interno Bruto (PIB), para manter a estrutura do Poder Judiciário, segundo dados divulgados ontem pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O Rio Grande do Sul ocupa posição aceitável neste ranking de gastos, mas passa por um momento de pressão de algumas categorias que querem aumentar seus vencimentos. Num poder público que não consegue reajustar categorias essenciais com vencimentos defasados, como professores e policiais militares, os projetos de lei que reajustam os salários de membros do Judiciário, do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Contas do Estado implicam risco ainda maior para a política de equilíbrio fiscal, além de ampliar a diferença entre a base e o topo da pirâmide dos servidores.

Pelo levantamento da AMB, realizado pela professora Maria Tereza Sadek, da Universidade de São Paulo (USP), que utilizou os dados da pesquisa Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há problemas de gestão impedindo que o Judiciário, como um dos poderes do Estado, cumpra seus objetivos. Não é pelo fato de ter um orçamento proporcionalmente maior que o resultado será necessariamente melhor. Nem é pela circunstância de ter um número maior de juízes por habitante que a prestação jurisdicional será de melhor qualidade. O estudo poderá render elementos para que as autoridades enfrentem o desafio de promover a melhor justiça possível dentro das condições que a realidade impõe. As distintas condições de cada Estado devem ser levadas em consideração.

Num momento delicado como o que o poder público enfrenta, especialmente em relação às pretensões salariais dos servidores e à adequação dos orçamentos às tarefas das instituições, é hora de os parlamentares avaliarem as reivindicações com o máximo de cuidado, evitando que a insatisfação das categorias de menores ganhos se amplie ainda mais ou que os serviços essenciais venham a ser prejudicados.

(Fonte: Editorial Zero Hora)

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